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TRABALHOS APROVADOS > RESUMO

Desafios no estabelecimento da conduta cirúrgica odontológica em cardiopatia grave

Aristéa Ribeiro Carvalho, Raquel D'Aquino Garcia Caminha, Selma Cristine Modesto, Paulo Sérgio da Silva Santos
Faculdade de Odontologia de Bauru - Universidade de São Paulo - Bauru - São Paulo - Brasil, Hospital Estadual de Bauru - Bauru - São Paulo - Brasil

Introdução: Doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) estão presentes em mais de 45% da população adulta no Brasil, são responsáveis por 72% das mortes no país, sendo as doenças cardiovasculares as mais prevalentes. A insuficiência cardíaca (IC) é uma  DCNT de importante epidemiologia, de progressivas síndromes hemodinâmicas, biológicas, anatômicas e funcionais que comprometem demandas metabólicas e teciduais. Essas alterações presentes no dia-a-dia da equipe interprofissional, torna relevante o quanto   implicam na tomada de decisão da conduta e do momento ideal da abordagem. Relato de caso: Mulher, 37 anos, com paralisia cerebral, histórico de maus tratos e negligência nos cuidados (físico, emocional e educacional), internada por inapetência, vômitos, icterícia, febre, rebaixamento do nível de consciência e taquidispnéia sendo necessário intubação orotraqueal e drogas vasoativas. A Odontologia foi acionada para avaliação no 4° pós-operatório de drenagem de abscesso hepático, paciente encontrava-se eupneica, em ar ambiente e estável hemodinamicamente. O exame clínico odontológico mostrou dentição parcial em péssimo estado de conservação, mobilidade dentária grau 2/3, múltiplas raízes residuais, saburra lingual e grande quantidade de cálculo dentário generalizado. Não havia sinais de infecção aguda em cavidade oral e neste momento a paciente estava no 4° dia de uso do Tazocin, prescrito no pós-operatório cirúrgico. Após discussão do caso com equipe intensivista foi proposta a abordagem cirúrgica sob anestesia geral para redução de focos infecciosos bucais. No dia da cirurgia a paciente encontrava-se instável, dispneica, com anasarca, em uso de máscara de oxigênio (10 litros), Saturação de O2 = 87% e com NT-proBNP = 1.765,36 pg/ml caracterizando quadro de IC e por estes motivos, após discussão interdisciplinar odontologia/anestesia, optou-se pelo cancelamento do procedimento cirúrgico. Nas 24 horas seguintes, a paciente evoluiu com desconforto respiratório e foi transferida para unidade de terapia intensiva onde confirmou-se IC congestiva e insuficiência valvar mitral discreta. Após 30 dias a paciente ainda não se encontra com estabilidade clínica cardiológica para ser submetida ao procedimento cirúrgico odontológico proposto. Conclusão: É desafiador o estabelecimento de cuidados de prevenção de endocardite infecciosa em pacientes de risco e a necessidade de remoção de focos infecciosos bucais em indivíduos com cardiopatias graves e instáveis. Esta decisão deve envolver sempre a equipe multidisciplinar para a execução das condutas clínicas e cirúrgicas.

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