INTRODUÇÃO Ruptura do septo ventricular e aneurisma do ventrículo esquerdo são duas das principais complicações mecânicas após um infarto agudo do miocárdio (IAM), ambos de alta mortalidade, com necessidade de diagnóstico e intervenção terapêutica precoces. METODOLOGIA As informações foram obtidas por meio de revisão de prontuário e de literatura. RESULTADOS Masculino, 81 anos, hígido, apresentou episódio de IAM diagnosticado já em fase evoluída, com sintomas de dispneia e congestão. Realizado cateterismo cardíaco, com oclusão de ADA proximal, angioplastia primária e implante de 2 stents com resultado angiográfico fluxo TIMI 2. Recebe alta hospitalar mantendo sintomas de dispneia. Uma semana após, em consulta ambulatorial, evidenciado em ecocardiograma transtorácico (ETT) presença de CIV e então encaminhado ao nosso serviço. Paciente em CF NYHA II e sopro holossistólico em borda esternal esquerda. Realizado ETT confirmando CIV com 1cm de diâmetro em região apical anterosseptal e FE 27%. Evoluiu com sinais de baixo débito. ECG com BAV 2º grau Mobitz II. Encaminhado à UTI, iniciado dobutamina e terapia renal substitutiva com melhora clínica. Submetido a fechamento primário da CIV e aneurismectomia apical. Paciente evoluiu bem, estável e com melhora de CF. DISCUSSÃO Pacientes com grandes infartos ou que não recebem revascularização oportuna permanecem em risco de complicações mecânicas do IAM. As manifestações clínicas estão intimamente relacionadas com a magnitude da necrose miocárdica. A CIV se desenvolve, geralmente, como um orifício único, cujo tamanho irá determinar a intensidade do shunt esquerda-direita e, consequentemente, dos sintomas. Fatores de risco envolvem a extensão do músculo afetado. No aneurisma do VE uma porção do ventrículo se torna fina e dilatada o que leva à acinesia ou discinesia de um segmento miocárdico. O aneurisma do VE é encontrado em menos de 5% pós-IAM, sendo mais frequente em infartos de parede anterior. Alguns fatores relacionados à formação do aneurisma de VE pós-IAM são extensão da área necrótica, ausência de circulação colateral e mecanismos de remodelamento ventricular. O tratamento cirúrgico é indicado nos pacientes que se apresentam em choque cardiogênico refratário à terapêutica clínica, progressivo comprometimento da função ventricular, dado que a área infartada apresenta-se friável e o risco cirúrgico é elevado. CONCLUSÃO As complicaçoes mecânicas pós-IAM são menos comuns nos dias de hoje, porém seu reconhecimento precoce e tratamento são essencias para um bom desfecho.