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Endocardite infecciosa: Uma série de casos correlacionados a terapia de substituição renal ocorridos em 2018 a 2021 em hospital referenciado de São Paulo

Maria Júlia Montebeller Meneses, Jessica Moreno Nino, Roberto Alexandre Franken
SANTA CASA DE SÃO PAULO - São Paulo - SP - BRASIL, Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo - São Paulo - São Paulo - Brasil

Introdução: A endocardite infecciosa (EI) tem como fator predisponente a deficiência imunológica, sendo a insuficiência renal uma condição clínica que pode ocasioná-la. O conhecimento da mortalidade intra-hospitalar desses pacientes é relevante a fim de definir a necessidade de cirurgia precoce e aprimorar o diagnóstico.

Métodos: Estudo retrospectivo unicêntrico em hospital de referência, no estado de São Paulo, envolvendo 46 pacientes com cadastro em prontuário com CID-10 I 33.0 e critérios de Duke modificados confirmados ou possíveis e imagem sugestiva de vegetação em ecocardiograma. Os pacientes foram divididos em 3 subgrupos: grupo I (sem doença renal crônica), grupo II (com doença renal crônica) e grupo III (com doença renal crônica e dialíticos). Avaliou-se a gravidade da EI através da prevalência de valva mais acometida, bactéria mais frequente, complicação, necessidade de cirurgia e mortalidade.

Resultados: Dentre os pacientes, 12 não apresentavam doença renal crônica (26,1%, grupo I), 15 apresentavam algum grau de doença renal crônica (32,6%, grupo II) e 19 estavam em hemodiálise (41,3%, grupo III). Sobre as valvas acometidas, houve maior incidência de acometimento mitral (32,6%) seguida de aórtica (30,4%) e mitro-aórtica (10,9%). Avaliando o tamanho de vegetação, houve uma média de 14,1 mm e tamanho máximo de 32 mm, o que não é comum e é reflexo da maior gravidade da amostra. 43,4% dos pacientes precisaram ser submetidos à cirurgia. Sobre incidência de cirurgia cardíaca por grupos, o menor número de pacientes que evoluiu para cirurgia está no Grupo III (4). Porém, 60% dos pacientes que evoluíram para cirurgia apresentaram algum grau de disfunção renal crônica, não necessariamente em hemodiálise. Frente a interpretação por grupos da mortalidade evidenciamos que 59% dos óbitos ocorreram no Grupo III.

Conclusão: Tendo em vista a análise demonstrada, é possível destacar: tamanho de maior eixo de vegetação não obteve diferença significativa quando comparada entre os grupos, avaliada pelo teste de Kuskal-Wallis com p = 0.469; cirurgia cardíaca foi avaliada nos grupos pelo teste Qui-quadrado (p = 0,029), evidenciando incidência de apenas 20% (4) no grupo III, o que não era esperado, porém, ao avaliar conjuntamente o grupo II com o grupo III, foi observada uma predileção por ocorrência de cirurgia cardíaca em paciente com doença renal crônica, mas não necessariamente em diálise; mortalidade nos grupos foi avaliada pelo teste Qui-quadrado (p = 0,019), em que 59% dos óbitos ocorreram no grupo III, 31,8% no grupo II e 10% no grupo I.

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