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Avaliação da Segurança e Eficácia da Telemedicina em Cardiologia para o Monitoramento do Tempo de Protrombina em Pacientes em Anticoagulação Oral

Rafael A. Derencio Oliveira, Diego M. Moroço, Matheus Okubo Junqueira, Tonicarlo R. Velasco, Gustavo J. Volpe, Benedito C. Maciel, Antonio Pazin-Filho, André Schmidt, Henrique T. Moreira
HOSPITAL DAS CLÍNICAS DE RIBEIRÃO PRETO - - SP - BRASIL

Introdução: O uso de estratégias de comunicação remota facilita o acesso na prestação de serviços de saúde, com potencial impacto na prática clínica. Pacientes clinicamente estáveis e com plano terapêutico estabelecido são aqueles com maior potencial de se beneficiar de telemonitoramento. Contudo, embora o emprego da telemedicina em cardiologia seja promissor, seus riscos e benefícios ainda não estão bem estabelecidos.

Objetivos: Avaliar a segurança e a eficácia da telemedicina em pacientes em uso de anticoagulante oral (ACO) com necessidade de monitorização periódica do tempo de protrombina (TP) acompanhados em ambulatório de cardiologia de um hospital de referência terciária.

Métodos: Trata-se de estudo observacional retrospectivo com dados obtidos a partir de prontuário médico eletrônico de todos os pacientes em seguimento regular do TP por telemedicina durante 2 anos (desde a implementação na instituição em abril de 2020) e que já estavam em seguimento clínico há pelo menos 6 meses antes desse período. Critérios de exclusão: mudança na faixa terapêutica, suspensão do ACO ou a sua substituição por outro de ação direta. O telemonitoramento foi realizado pela equipe médica via contato telefônico com os pacientes ou seus responsáveis. Os desfechos de interesse foram: (I) comparação entre a porcentagem de tempo em que os pacientes permaneceram dentro da faixa terapêutica do TP (time in therapeutic range - TTR) nos períodos pré-telemedicina e durante o telemonitoramento; e (II): comparação entre as taxas de óbito potencialmente relacionadas ao ACO nesses períodos.

Resultados: 594 pacientes preencheram os critérios de acompanhamento regular, com idade média de 56 ± 13 anos, sendo 51% mulheres. Os ACO utilizados foram a Varfarina (95%) e a Femprocumona (5%). A presença de prótese valvar mecânica foi a indicação mais frequente (44%), seguida por fibrilação ou flutter atrial isolados (39%) e outros diagnósticos (17%). O TTR aferido ao final do período de telemonitoramento foi significativamente maior do que no último retorno da fase pré-telemedicina (61,4% ± 15,3 vs. 59,5% ± 18,8, p < 0,001). A taxa de óbitos relacionadas à ACO na fase pré-telemedicina foi de 20 casos para cada 1000 pessoas-ano e na fase de telemonitoramento de 9 casos para cada 1000 pessoas-ano, p = 0,10.

Conclusões: O uso da telemedicina em cardiologia para o monitoramento terapêutico de pacientes em ACO em uma grande coorte de pacientes mostrou-se tão segura e eficaz quanto o acompanhamento presencial tradicional.

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