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Ponte intramiocárdica profunda: uma causa rara de insuficiência cardíaca

Lacalle A. A., JOÃO PEDRO B. Q. DOS SANTOS, Danilo Tadao Wada, Gustavo Jardim Volpe, André Schmidt, Henrique Turin Moreira
HOSPITAL DAS CLÍNICAS DE RIBEIRÃO PRETO - - SP - BRASIL

Paciente 64 anos, sexo feminino, hipertensa, história de “infarto do miocárdio” há 18 anos. Refere ter se submetido a cateterismo cardíaco na ocasião do infarto, porém nega implante de stent. Relata que há 6 meses apresentou episódio de palpitações associadas a dor torácica em aperto, desencadeadas após esforço moderado. Tal quadro a motivou a procurar o pronto socorro, onde  foi diagnosticada com taquiarritmia, tratada com cardioversão elétrica. Após este episódio, apresentou episódios esporádicos de palpitações associadas a dor torácica (cerca de 5 minutos de duração). Adicionalmente, passou a apresentar edema de membros inferiores e dispneia aos esforços, com piora progressiva, chegando a classe funcional (CF) III pela NYHA, motivando encaminhamento a serviço de referência terciária para investigação.

 Eletrocardiograma: ritmo sinusal, bloqueio de ramo direito, área elétrica inativa inferior e ântero septal e supradesnivelamento do segmento ST de V2-V4. Ecocardiograma: Fração de ejeção do ventrículo esquerdo (VE) de 40%, às custas de hipocinesia do septo inferior basal e médio e de discinesia de toda a região apical com conformação aneurismática.

Indicado cateterismo cardíaco, porém a paciente recusou  o procedimento. Optado então por realizar angiotomografia de coronárias (ATC), que evidenciou  ausência de doença aterosclerótica significativa e presença de ponte intramiocárdica em segmento médio de artéria descendente anterior com profundidade de até 3mm, além de  aneurisma apical do VE associado a fina faixa hipoatenuante sugestiva de sequela de infarto prévio.

Holter de 24 horas demonstrou baixa densidade de extrassístoles ventriculares (<1%), e ausência de taquiarritmias. Sorologia para chagas negativa. 

Após otimização do tratamento clínico com carvedilol, enalapril, espironolactona, furosemida em doses otimizadas, houve melhora importante dos sintomas anginosos e da CF, atualmente em CF II, um novo ecocardiograma foi realizado após 2 anos com melhora da fração de ejeção para 44%. Realizou teste ergométrico, que demonstrou ausência de isquemia e desempenhou 8,4 METs. 

 

Este relato de caso demonstra a associação rara entre trajeto intramiocárdico profundo da artéria descendente anterior e áreas sequelares de infarto miocárdico, em território a jusante da ponte miocárdica, levando à disfunção sistólica do ventrículo esquerdo e consequente insuficiência cardíaca. A relação causal entre a ponte miocárdica e as anormalidades cardíacas encontradas é altamente provável diante da localização das áreas sequelares e da exclusão de outras etiologias.

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