Fundamentos: Os novos tratamentos quimioterápicos aumentaram a sobrevida dos pacientes. Com esses novos quimioterápicos, devemos estar atentos a cardiotoxicidade e o risco de complicações (inclusive fatais) nesses pacientes, sendo o seguimento cardiológico de extrema importância para o manejo, adequado tratamento e seguimento oncológico.
Caso: Mulher, 52 anos, com hipotireoidismo prévio e diagnóstico de adenocarcinoma pulmonar metástico para ossos e linfonodos em maio/2022, em uso de carboplatina + pemetrexed + pembrolizumabe de maio a setembro de 2022, deu entrada na emergência em outubro de 2022 com queixa de tonturas e náuseas. Na admissão, observado taquicardia sinusal e paciente relatou leve desconforto torácico, sendo solicitado D-dimero diante de hipótese de TEP (2.770,00 ng/mL). Foi então solicitado angiotomografia de tórax, descartado tromboembolismo e evidenciado derrame pericárdico volumoso. Paciente foi submetida a ecocardiograma e visibilizado derrame pericárdico circunferencial de grande volume (lâmina de 23mm) com sinais de tamponamento (colapso diastólico do VD e importantes variações dos fluxos transvalvares). Foi submetida a drenagem do líquido pericárdico com saída imediata de 450 ml com citologia do liquido com 15 células – 85% de neutrófilos, 468000 hemácias, com padrão de exsudato (DHL: 986 UI/L; proteínas: 5,0 g/dL) e material encaminhado para citologia oncótica. Inicialmente foram feitas hipóteses de derrame pericárdico segundário ao pembrolizumabe ou secundário a implante tumoral pericárdico. Diante da primeira hipótese, foi iniciado corticoterapia com metilprednisolona 1mg/kg/dia, mantendo baixo debito pelo dreno e sem recidiva após retirada do dreno. Paciente recebeu alta com melhora clínica com resultado de citologia oncótica do líquido positivo para células epitelias atípicas, com imuno-histoquímica positiva para TTF-1, Napsin-A, CK7, Ber Ep4, sendo sugestivos de adenocarcinoma com sitio primário pulmonar, permanecendo em tratamento quimioterápico com programação de uso de Osimertinibe. Paciente sem recorrência do quadro em avaliação 4 meses após o ocorrido.
Conclusão: As complicações cardiológicas relacionadas às neoplasias e o próprio tratamento quimioterápica tem sido cada vez mais frequentes e o cardiologista deve estar atento para acompanhar essa evolução e tratar adequadamente esses pacientes. No caso acima, se a complicação tivesse sido relacionada ao pembrolizumabe poderia contra- indicar o tratamento para a paciente, mudando o prognóstico da mesma.