Resumo:
A doença arterial coronariana (DAC) é uma das principais causas de morte, e o infarto agudo do miocárdio com supra do segmento-ST (IAMCSST) a mais prevalente. O tratamento baseado na terapia com fibrinolítico é a principal alternativa farmacológica de reperfusão. A intervenção coronária percutânea (ICP) de resgate é indicada se houver falha da terapia trombolítica. No entanto, os benefícios, em termos de redução da taxa de mortalidade, quantidade de miocárdio efetivamente salvo e recuperado em até 6 meses do estabelecimento não são bem estabelecidos. A ressonância magnética cardíaca (RMC) como ferramenta para identificar a área miocárdica em risco e infartada, elevou a acurácia diagnóstica. Diferentemente da ICP primária, pouco se sabe sobre a evolução seriada e temporal da área de miocárdio em risco, de fibrose e salvamento miocárdico documentada pelo RMC, sendo esse o objetivo principal dessa pesquisa.
Métodos:
Estudo retrospectivo, aberto, unicêntrico, de intervenção. Foram selecionados 40 pacientes com IAMCSST que realizaram ICP de resgate após falha documentada da terapia fibrinolítica transferidos para um centro terciário (Hospital São Paulo), obedecendo uma estratégia fármaco-invasiva. As RMC, realizadas em 7 dias (basal) e em 3 e 6 meses após o IAMCSST, foram estudadas para avaliação do comportamento evolutivo da função cardíaca.
Resultados:
As principais variáveis analisadas na ressonância magnética foram: fração de ejecção, massa de edema, massa de fibrose e massa miocárdica infartada. Em medidas de mediana, a fração de ejeção passou de 45.8% (42.0, 55.4) em 7 dias para 51.8% (40.7, 59.7) em 3 meses para 51.2% (44.8, 63.3) em 6 meses, a massa do edema de 35.4g (26.6, 46.2) em 7 dias para 15.7g (8.7, 23.5) em 3 meses para 13.7g (11.4, 17.4) em 6 meses, a massa fibrosada de 29.6g (21.4, 50.7) em 7 dias para 26.8g (17.8, 36.7) em 3 meses para 26.4g (15.7, 36.7) em 6 meses e, por fim, a massa total infartada de 140.4g (119.9, 173.0) em 7 dias, 126.7g (98.6, 162.4) em 3 meses, e 125.4g (103.1, 145.1) em6 meses. Assim, o salvamento miocárdico médio foi de 14g em 6 meses após a angioplastia de resgate, e o maior avanço ocorreu nos primeiros 3 meses. Não obstante, pacientes com menor tempo de isquemia, tiveram menor massa de fibrose e melhor recuperação total.
Conclusões: É comprovada a eficácia de se realizar uma angioplastia de resgate nos pacientes submetidos a terapia fibrinolítica, sem sucesso, após episódio de infarto. Além disso, é evidente que quanto menor o tempo de isquemia total, melhor o desfecho clínico desses pacientes.