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Incidência, preditores de necessidade de transfusão e impacto prognóstico no tratamento transcateter de bioprótese disfuncionante mitral vs REDO

Caio V F Rodrigues, Mauricio Marchi, Gabriel Kanhouche, Pedro Calomeni, Pablo Pomerantzeff, Alexandre Abizaid, Fábio S de Brito Jr, Flavio Tarasoutchi, José H Fonseca, Henrique B Ribeiro
INSTITUTO DO CORAÇÃO DO HCFMUSP - - SP - BRASIL

Introdução: A reintervenção cirúrgica de bioprótese mitral com disfunção (REDO) é um procedimento associado a altas taxas de morbimortalidade, especialmente por serem frequentes as complicações hemorrágicas. O implante transcateter de válvula mitral em bioprótese com disfunção (valve-in-valve [ViV]) surgiu como alternativa menos invasiva ao REDO. O ViV apresenta a vantagem de ser menos invasivo, sem necessidade de cardioplegia e circulação extracorpórea. Entretanto, faltam estudos avaliando a ocorrência de complicações hemorrágicas e seu impacto prognóstico. Nosso objetivo foi avaliar a incidência de sangramento, necessidade de transfusão e seu impacto prognóstico em pacientes submetidos ao ViV vs. REDO.

Métodos: Entre 2014 e 2020 foram incluídos 216 pacientes consecutivos com disfunção de bioprótese mitral, dos quais 78 pacientes foram submetidos ao ViV (acesso transapical) e 138 ao REDO. Foram coletados os valores de hemoglobina (Hb) basal, 6, 12, 24, 48 e 72 horas após a intervenção, com análise da variação de Hb e do número de transfusões de concentrado de hemácias (CH) periprocedimento. As definições de sangramento foram baseadas no BARC (Bleeding Academic Research Consortium).

Resultados: Os pacientes submetidos ao ViV vs. REDO apresentaram maior idade, incidência de fibrilação atrial e reduzido clearance de creatinina, levando a maior risco operatório pelo STS (6,5 vs. 3,2%), todos com p<0,001. A ocorrência de sangramento extenso (BARC 3B) foi menor no grupo ViV vs. REDO (6,4 vs. 27,5%, p<0,001), bem como a necessidade de CH em 48hs (18 vs. 56%, p<0,001). As variáveis independentes relacionadas à maior necessidade de CH em 48h foram a idade, anemia, REDO e a necessidade de reintervenção intra-hospitalar (todos com p<0,05). Por análise multivariada para mortalidade em 30 dias, foram preditores independentes a fração de ejeção do ventrículo esquerdo, clearance de creatinina e a necessidade de CH nas 48h do procedimento, tendo este último o maior impacto (HR 3,6, IC de 95% de 1,6-8,4; p=0,002).

Conclusão: O tratamento de bioprótese mitral disfuncionante é associado a complicações hemorrágicas e transfusões frequentes, especialmente em pacientes mais idosos e com anemia, sendo que o ViV foi associado a reduções significativas em suas incidências. A função renal e ventricular esquerda, bem como a necessidade de transfusão de CH periprocedimento foram preditores independentes de mortalidade em 30 dias.

 

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