INTRODUÇÃO: Neoplasias torácicas conferem maior risco de doença arterial coronariana induzida por radiação (DACIR) em relação a população geral. Fatores de risco incluem falta de proteção cardíaca, dose cumulativa de radiação utilizada, exposição em idade precoce, volume de tecido acometido, e preexistência de outras doenças cardiovasculares. O tratamento radioterápico é relacionado ao desenvolvimento de doença arterial coronariana (DAC), em geral tardiamente após exposição. A radiação pode ter como consequência a arterite actiníca resultado de aterosclerose acelerada, de caráter inflamatório, e lesão das células endoteliais. Trata-se do relato de uma paciente com história de radioterapia há 40 anos, submetida a altas dose de radiação (padrão da época) que evolui com oclusão total de artéria coronária direita e lesão pós actínica de artérias subclávia e axilar direita. RELATO DE CASO: Paciente feminina, 80 anos, diabetes melittus tipo 2 e câncer de mama à direita em 1980. Relato de quimioterapia, radioterapia e mastectomia total. Ambulatorialmente, referiu dispneia há 3 meses classe funcional new York heart association III, ortopneia e edema de membros inferiores. Eletrocardiograma em ritmo sinusal, distúrbio de condução do ramo esquerdo e inversão de onda T nas derivações V3 e V4. Ecocardiograma transtorácico (ECOTT) de 2019 com fração de ejeção do ventrículo esquerdo (FEVE) de 58% (método Simpsons), acinesia segmento basal inferior e ínfero-septal. ECOTT em 2022 mostra queda de FEVE para 45%, aparecimento de hipocinesia de parede inferolateral. Utrassonografia Doppler do membro superior direito compatível com lesões pós-actinícas de artéria subclávia e axilar direita. Prosseguiu-se investigação com cineangiocoronariografia: artéria coronária direita com importante e extensa calcificação, ocluída no óstio, circulação colateral de múltiplas origens grau III, sem outras lesões obstrutivas. Devido dificuldade técnica, aspecto de oclusão crônica e coronária extensamente calcificada, optado por tratamento clínico otimizado. Paciente apresentou melhora dos sintomas, atualmente em seguimento ambulatorial com cardiologista. CONCLUSÃO: Com o relato de caso ressaltamos a importância da avaliação cardiológica regular pré, durante e pós tratamento oncológico. Considerar medidas cardioprotetoras e rastreamento de possíveis efeitos cardiotóxicos, tanto relacionados a quimioterapia, quanto a radioterapia.