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Compressão extrínseca da coronária descendente anterior por arco costal em paciente com miocardiopatia dilatada: Relato de caso

Rafaela V. Franklin Tapias, Cesar Nomura, Jose Rodrigues Parga Filho, Eduardo Kaiser U. Nunes, André Vaz, Kevin Rafael De Paula Morales, Gabriela R. Prata Leite Barros, Diana Rodrigues de Araújo , Gabriela Liberato
INSTITUTO DO CORAÇÃO DO HCFMUSP - - SP - BRASIL

 

Introdução: A compressão extrínseca das artérias coronárias é um evento raro, que pode ocorrer devido à anomalia de origem e trajeto das artérias coronárias e à dilatação de vasos mediastinais. Mais raramente, a causa da compressão pode ser consequência da própria dilatação das câmaras cardíacas.

Relato de Caso: Mulher de 51 anos, em acompanhamento no ambulatório de insuficiência cardíaca, com diagnóstico de miocardiopatia dilatada idiopática. O ecocardiograma revelou dilatação importante do ventrículo esquerdo (182 ml/m²) e disfunção sistólica grave, com fração de ejeção do ventrículo esquerdo de 21%. Paciente se encontra em tratamento clínico otimizado, em classe funcional I da NYHA, sem queixa de precordialgia, contudo possui fatores de risco para doença aterosclerótica coronariana (DAC), como diabetes mellitus, dislipidemia e história familiar de DAC precoce. Realizou cintilografia miocárdica que evidenciou isquemia em território da artéria coronária descendente anterior (DA), com hipocaptação transitória discreta nos segmentos anterosseptal médio e anterior apical. Solicitada angiotomografia de coronárias, que apresentou escore de cálcio de 51 (Agatston). Observou-se na transição dos terços médio-distal da DA, íntimo contato do segmento da coronária com o arco costal, sem visualização de parte do seu segmento, com redução luminal importante/suboclusão (compressão extrínseca), Figuras 1, 2 e 3. Demais segmentos coronarianos sem redução luminal significativa.

Discussão: Pacientes com miocardiopatia dilatada podem evoluir com aumento importante das câmaras cardíacas e neste caso, a angiotomografia de coronárias demonstrou que a dilatação ocasionou a compressão extrínseca da DA pelo arco costal, com redução luminal importante. A compressão arterial coronariana extrínseca levou à isquemia miocárdica, comprovada pela cintilografia miocárdica, que ao nosso conhecimento, este é o primeiro registro desta repercussão no miocárdio. Essa entidade é extremamente rara, com poucos casos relatados até hoje e portanto, não há dados sobre o tratamento ideal.

Conclusão: Em pacientes com miocardiopatia dilatada e isquemia, a definição anatômica coronariana se torna necessária para avaliar a presença de DAC obstrutiva, contudo é importante se atentar à possibilidade de causas mais raras de redução luminal coronariana, como a compressão extrínseca das coronárias devido à dilatação importante do ventrículo esquerdo.
 
 
Figura 3

 

 
 

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