Introdução: A doença arterial coronariana (DAC) é considerada a principal causa de morte. Por outro lado, a reabilitação cardíaca baseada em exercício (RCBE) é uma importante ferramenta terapêutica no tratamento da DAC. Os benefícios da RCBE a curto e médio prazo são consistentemente demonstrados. Essa intervenção não farmacológica aumenta o consumo máximo de oxigênio (VO2max), e tem sido associada à melhora do prognóstico destes pacientes. No entanto, não se sabe ao certo se, a longo prazo, o aumento do VO2máx pode se manter, tendo em vista o declínio da aptidão cardiorrespiratória com o envelhecimento. O objetivo deste estudo é avaliar o comportamento do VO2max, em pacientes com DAC, ao longo de 10 anos de participação em um programa supervisionado de RCBE. Métodos: Foram analisados, retrospectivamente, prontuários de pacientes com diagnóstico de DAC que participaram de um Programa de RCBE no Instituto do Coração HCFMUSP. O VO2max foi estimado durante um teste de esforço progressivo máximo (American College of Sports Medicine) ou medido durante um teste cardiopulmonar (ergoespirometria). A RCBE consistiu em treinamento aeróbio de intensidade moderada, 2-3 vezes/sem. Para análise estatística longitudinal foi utilizado o modelo misto generalizado. O teste t de Student foi utilizado para a análise de subgrupos, após 1, 3, 5 e 10 anos de participação no Programa de RCBE. Resultados: A amostra total foi composta por 150 pacientes com DAC que participaram de um Programa de RCBE desde 2000. A análise longitudinal demonstrou que o aumento no VO2max estimado alcançado aos 3 meses de RCBE (32,2±1,0 vs. 34,6±1,0 mL.kg-1.min-1; n=150; p=0,013) se manteve até 10 anos de participação na RCBE (34,6±1,0 vs. 34,9±1,2 mL.kg-1.min-1; n=150; p=1,000). Em relação ao VO2max medido diretamente, foram observados aumentos significativos nos subgrupos até 1 ano (23,7±1,2 vs. 26,6±1,1 mL.kg-1.min-1; n=36; p<0,001), 3 anos (23,2±0,9 vs. 27,0±0,9 mL.kg-1.min-1; n=30; p< 0,001) e 5 anos (22,1±0,8 vs. 27,4±1,3 mL.kg-1.min-1; n=17; p< 0,001) de participação na RCBE. Conclusão: A melhora na capacidade cardiorrespiratória em pacientes com DAC, alcançada nos primeiros 3 meses de participação no Programa de RCBE se mantém ao longo de 10 anos de participação no Programa.