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Prolapso ou Febre reumática: afinal, qual a etiologia mais prevalente da insuficiência mitral no Brasil?

Layara Fernanda Vicente Pereira Lipari, João Ricardo Cordeiro Fernandes, Sara del Vecchio Ziotti , Daniella Cian Nazzetta, Fernanda Castiglioni Tessari , Ranna Santos Pessoa, Henrique Vicente Haussauer Júnior, Vitor Emer Egypto Rosa, Roney Orismar Sampaio, Flávio Tarasoutchi
INSTITUTO DO CORAÇÃO DO HCFMUSP - - SP - BRASIL

Introdução

A insuficiência mitral (IM) é a doença valvar mais prevalente nos Estados Unidos, sendo o prolapso a sua principal causa. No Brasil, por outro lado, há poucos dados epidemiológicos recentes e estudos prévios mostram uma maior prevalência da doença reumática.

Todavia, recentemente vem sendo observada uma mudança no perfil epidemiológico da doença valvar, grande parte em decorrência do aumento da expectativa de vida da população e da redução da incidência de febre reumática.

O presente trabalho tem como objetivo avaliar os pacientes portadores de IM de um hospital terciário no Brasil, com ênfase na avaliação etiológica.

Métodos

Foi avaliada de maneira retrospectiva uma coorte de pacientes portadores de IM moderada ou importante ao ecocardiograma entre 01/07/2018 e 30/06/2020 em um hospital escola cardiológico, sendo incluídos 2.017 casos. Foram analisados dados clínicos (idade, sexo, sintomas e comorbidades), além de exames complementares, como eletrocardiograma e ecocardiograma. 

Resultados

Foram incluídos 2017 casos, sendo que 1966 dos pacientes (97,5%) apresentavam IM importante. A idade média dos pacientes era de 65 anos e 52% eram do sexo feminino.

Dos 2017 pacientes, 924 (45,8%) apresentavam IM por causas primárias e 1093 (54,2%) causas secundárias. Dentre as etiologias primárias (N=1093), o prolapso foi a mais prevalente, correspondendo a 51,3% (n=474) dos casos, seguido pela IM reumática, presente em 34,5% (n=319). As demais etiologias primárias observadas foram a calcífica (94 pacientes = 4,7%), endocardite infecciosa (15 pacientes = 0,7%) e congênita (10 pacientes = 0,5%). 

Na análise comparativa entre prolapso e IM reumática foi observada diferença estatísticamente significativa em idade e sexo. Os pacientes com diagnóstico de IM reumática apresentaram menor média de idade - 58 anos (desvio padrão 49-68) comparado a 67 anos nos pacientes com prolapso (desvio padrão 58-76 anos). A maioria dos pacientes com IM reumática era do sexo feminino (N=255, 79,9%), sendo percentualmente quase o dobro do observado no prolapso mitral (N=192 - 40,5%).

As causas secundárias (N=1093) foram compostas pela etiologia dilatada em 859 pacientes (78,6%), seguida pela isquêmica (140 pacientes - 12,8%) e atrial (55 pacientes - 5%).

Conclusão

Seguindo a mudança epidemiológica atual da doença valvar, pudemos observar também uma alteração importante na etiologia da IM, com redução do peso da doença reumática no Brasil e maior expressividade do prolapso mitral. 

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