Introdução: Em pacientes portadores de valvopatia que necessitam de cirurgia de troca valvar, a escolha do tipo de prótese a ser implantada deve levar em consideração diversos fatores: idade (pela durabilidade), necessidade de anticoagulação permanente (fibrilação atrial), sexo (mulheres em idade fértil), profissão e atividades (risco de trauma /sangramento), mas acima de tudo a preferência do paciente. De uma maneira geral, recomenda-se o emprego de prótese mecânica em pacientes < 50 anos de idade, com o intuito de se evitar ou minimizar a necessidade de reoperações. Já as próteses biológicas foram desenvolvidas para reduzir as complicações da anticoagulação, mas teriam menor durabilidade.
Relato de caso: Paciente do sexo feminino, 82 anos, casada, natural de MG e procedente de SP, aposentada. Por diagnóstico de estenose valvar mitral, de etiologia reumática, foi submetida em 1991 à cirurgia de troca valvar mitral, com implante de prótese biológica (PB), aos 51 anos de idade. Após 31 anos do tratamento cirúrgico valvar, a paciente mantém seguimento ambulatorial regular, encontrando-se estável, sem sinais ou sintomas de insuficiência cardíaca, com prótese funcionante. Ecocardiograma transtorácico 04/2022 demonstrou: PB com espessura e mobilidade preservadas de seus folhetos, apresentando ao Doppler insuficiência central discreta. Gradiente diastólico máximo AE-VE estimado em 12 mmHg e médio em 5 mmHg.
Conclusão: O caso acima descreve uma indicação não habitual de implante de PB em paciente jovem, além de mostrar uma evolução infrequente de bioprótese, a qual se mantém sem sinais de disfunção 31 anos após o implante.