Introdução
O implante transcateter de válvula aórtica (TAVI) é um procedimento minimamente invasivo realizado habitualmente através da via transfemoral. Entretanto, outras vias como a trans-subclávia (TS), transapical (TA) ou transaórtica (TAo) podem ser escolhidas quando características dos vasos iliofemorais não são adequadas para o procedimento. Apresentamos o caso de um octogenário com múltiplas comorbidades e alto risco cirúrgico submetido a TAVI com sucesso através da via subclávia.
Relato de caso:
Paciente masculino, 84 anos, portador de doença pulmonar obstrutiva crônica, arritmia ventricular complexa, diabetes mellitus e doença arterial obstrutiva periférica com 2 procedimentos de revascularização prévios, chega ao pronto-socorro apresentando queixa de síncope do tipo desliga-liga. O ecocardiograma transtorácico identificou calcificação da valva aórtica com redução importante de sua abertura, gradiente médio de 44mmHg e área valvar de 0,9cm². O holter de 24 horas observou apenas extrassistolia ventricular polimórfica isolada e a angiotomografia de coronárias não visualizou redução luminal significativa. Dessa forma, foi dado o diagnóstico de estenose aórtica importante sintomática e indicada abordagem intervencionista. Frente à idade e às comorbidades do paciente, foi indicado TAVI pelo alto risco cirúrgico (STS score 14%). Angiotomografia de aorta protocolo TAVI identificou oclusão da artéria femoral direita e estenose da artéria ilíaca esquerda, o que impossibilitava o acesso transfemoral. Após discussão multidisciplinar, optou-se pelo acesso subclávio esquerdo. Foi feita a punção da artéria subclávia esquerda sob visão direta e o procedimento finalizou-se sem intercorrências após implante de prótese valvar aórtica Evolut Pro nº 29. O controle ecocardiográfico demonstrou ausência de insuficiência aórtica. Paciente evoluiu com bloqueio de ramo esquerdo em eletrocardiograma, sem bloqueios atrioventriculares. Recebeu alta hospitalar com melhora da funcionalidade em relação à admissão.
Discussão e Conclusão:
O caso apresentado demonstra que a impossibilidade de realização da TAVI pela via TF não contraindica o procedimento, que pode ser feito de forma minimamente invasiva por outros acessos. Existe evidência científica de que o acesso TS possui menor mortalidade após 30 dias se comparada à TA e à TAo. Dessa forma, a via de acesso TS pode ser considerada uma alternativa segura para realização de TAVI.
Comparação entre o gradiente sistólico médio antes do procedimento (figura 1) de 44mmHg, e após o procedimento (figura 2) de 8mmHg.