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DOENÇA DE CHAGAS AGUDA POR TRANSMISSÃO ORAL: RELATO DE 16 ANOS DE EVOLUÇÃO PARA FORMA ARRITMOGÊNICA CRÔNICA, IC COM FRAÇÃO DE EJEÇÃO REDUZIDA E IC COM FRAÇÃO DE EJEÇÃO RECUPERADA

Ribeiro, G. S., Nascimento, L. X., Monteiro, M. M., Silva, M. R. H. S., Ortiz, J. V., Moctezuma, E. G. G., Couceiro, K. N., Guerra, M. G. V. B., Guerra, J. A. O., Ferreira, J. M. B. B.
UEA - Manaus - AM - Brasil

Introdução: A doença de chagas (DC) aguda tem se tornado cada vez mais frequente, principalmente por transmissão oral, na região Amazônica. Pouco se conhece a respeito da evolução a longo prazo destes pacientes. O presente relato descreve a evolução de 16 anos após diagnóstico e tratamento da fase aguda da DC.

Relato do caso: Paciente do sexo masculino, no momento com 31 anos, procedente de Coari - Amazonas, que, aos 15 anos, iniciou quadro de febre, palpitações, dispneia e dor torácica, com história de ingestão de suco de açaí, sendo diagnosticado com doença de chagas aguda por gota espessa positiva para Trypanosoma cruzi. Observou-se, no ecocardiograma, disfunção sistólica ventricular esquerda com fração de ejeção ventricular esquerda (FEVE) de 50% e presença de extra-sístoles no eletrocardiograma. Recebeu tratamento clínico com benzonidazol, captopril, carvedilol e furosemida, evoluindo de maneira favorável, com negativação dos exames parasitológicos para doença de Chagas e melhora clínica. Após 5 anos assintomático, iniciou quadro de palpitações, apresentando, no Holter 24 horas, ectopia ventricular monomórfica frequente com episódios de bigeminismo ventricular e taquicardia ventricular não sustentada. Descartou-se reativação da fase aguda através de exames imunológicos e parasitológicos. Realizou ecocardiograma com diâmetros ventriculares e FEVE normais, recebendo diagnóstico de forma arritmogênica crônica da DC. Instituiu-se tratamento antiarrítmico com amiodarona (200 mg/dia), com melhora dos sintomas e normalização dos parâmetros eletrocardiográficos.

O paciente não seguiu acompanhamento ambulatorial e, passados 10 anos do último evento, iniciou quadro de dispneia paroxística noturna diária acompanhada de tosse seca e palpitações. Realizou novo Holter que mostrou ectopias supraventriculares raras e ectopias ventriculares isoladas e trigeminadas, monomórficas frequentes. O ecocardiograma demonstrou diâmetro diastólico de VE (DDVE) de 56 mm e FEVE de 37%. Optou-se por otimizar a terapêutica para insuficiência cardíaca (IC) com fração de ejeção reduzida com carvedilol, sacubitril-valsartana, espironolactona, dapagliflozina e furosemida, com melhora do quadro clínico. Um ano após o início da terapêutica para IC, realizou novo ecocardiograma que mostrou DDVE de 60 mm e FEVE de 52%, preenchendo critérios para IC com fração de ejeção recuperada.

Conclusão: O presente relato evidencia a necessidade de seguimento a longo prazo dos pacientes, bem como a introdução precoce de terapêutica otimizada para IC com fração de ejeção reduzida.

 

 

 

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