Introdução
Ponte miocárdica é uma anomalia congênita comum, podendo alcançar até 25% da população. Na maioria dos casos não tem significância clínica, sendo descoberta em achados de imagem. Raramente pode cursar com angina, isquemia miocárdica, trombose coronária e arritmias ventriculares. Nesses casos, a terapia medicamentosa visando o controle da frequência cardíaca (FC) costuma ser eficaz no controle dos sintomas. O tratamento intervencionista é uma alternativa para os casos refratários. Apresentamos o caso de um paciente com angina refratária ao tratamento medicamentoso que foi submetido à angioplastia da ponte miocárdica.
Relato de caso:
Paciente masculino, 40 anos, sem comorbidades conhecidas, há 2 anos iniciou quadro de precordialgia típica em aperto, irradiada para membro superior esquerdo desencadeada aos pequenos esforços. Angiotomografia de coronárias demonstrou escore de cálcio coronário zero e ponte miocárdica em terço médio da artéria descendente anterior (ADA). Optado pelo tratamento com bisoprolol, que foi eficaz para o controle da FC, inclusive com tendência a bradicardia, mas sem melhora da angina. Submetido ambulatorialmente a teste ergométrico de controle que se mostrou positivo, com dor típica e infradesnivelamento do segmento ST de até 1,5mm em múltiplas derivações no pico do esforço. Devido ao mal controle clínico, piora de classe funcional e teste positivo, optado por internação para re-estratificação. Submetido a cineangiocoronariografia com avaliação funcional e estresse quimico com dobutamina que confirmou ponte miocárdica em ADA angiograficamente significativa (extensão maior que 30mm, perda luminal acima de 70% na sístole e que mantém perda luminal na diástole de cerca de 30%), com avaliação fisiológica mostrando queda significativa do índice diastólico (DFR) durante o estresse com dobutamina. Optado pela realização de angioplastia com implante de 1 stent farmacológico com sucesso e sem intercorrências. Após o procedimento evoluiu com resolução da angina, recebendo alta para seguimento ambulatorial
Discussão e Conclusão:
O caso apresentado demonstra que, embora seja conduta de exceção, pacientes com ponte miocárdica e critérios de pior prognóstico ou refratários ao tratamento medicamentoso podem se beneficiar do tratamento intervencionista. A angioplastia é uma alternativa segura e que pode apresentar boa resposta clínica. A presença de isquemia induzida no estresse com dobutamina é um bom marcador de sucesso para a angioplastia.