Introdução: A síndrome de Takotsubo é caracterizada por disfunção sistólica e/ou diastólica, aguda, transitória com duração < 21 dias, relacionado a estresse físico ou emocional antecedendo o quadro. Tem um predomínio em mulheres, maiores que 60 anos, sendo a incidência em jovens rara (< 2%) e manifesta se anatomicamente na forma discinesia medio apical (80%). As apresentações são divididas em causa principal do atendimento médico e complicação durante internação, primária e secundária, respectivamente. Essa doença pode cursar clinicamente com angina (75%) e dispneia (50%), com o eletrocardiograma alterado no segmento ST, com a troponina acima do corte, porém com valores abaixo do esperado no infarto, e com o peptídeo natriurético atrial(BNP) em níveis elevados que são proporcionais a disfunção ventricular. O diagnóstico ecocardiográfico baseia se na acinesia/discinesia ventricular, não limitando se a uma artéria epicárdica. A reversão ventricular define o diagnóstico e o escore InterTak, prediz a especificidade para Takotsubo, através de uma pontuação maior ou igual a 50 pontos, com especificidade de 90%. O tratamento consiste em suporte, por vezes com uso de inotrópicos, se ausência de obstrução de via de saída do ventrículo esquerdo. A doença possui bom prognóstico pela reversibilidade do quadro mas pode recorrer, apresentando uma taxa de recorrência entre 2 a 4 % ao ano, ocorrendo após 4 dias da recuperação até 10 anos após o evento.
Relato de caso: Paciente feminina, 70 anos, portadora de obesidade, hipertensão, diabetes mellitus tipo 2 e quadro prévio de takotsubo há 11 anos, interna por dor torácica tipo B após a final do jogo França x Argentina, eletrocardiograma da admissão com supra em parede ínfero-lateral, submetida a cateterismo cardíaco sem lesão obstrutiva e ventriculografia revelando padrão de discinesia médio apical com hipercinesia basal. Na internação ecocardiograma transtorácico revelando as mesmas disfunções segmentares e fração de ejeção 32%, recebe alta com melhora clinica com inibidor da enzima conversora de angiotensina, betabloqueador, antagonista da aldosterona e anticoagulação por 30 dias pela importante disfunção. No pós alta ecocardiograma com fração de ejeção de 75%.
Conclusão: A síndrome de Takotsubo, apesar de evoluir de forma benigna, pode apresentar complicações graves (choque cardiogênico, arritmias e trombos), principalmente na forma secundária, se não diagnosticada. Desta forma, a doença é um importante diagnóstico diferencial para especialistas e não especialistas em unidades críticas.