Introdução: As Doenças Cardiovasculares (CV) representam cerca de 30% da mortalidade no Brasil. O profissional, muitas vezes inserido em um ambiente de atenção secundaria ou terciaria, utiliza-se de prescrições e artifícios de alta densidade tecnológica, com foco primordial na prevenção secundaria. Entretanto, como descrito em diferentes diretrizes nacionais e internacionais, cuidados de prevenção e modificações de hábitos permeiam recomendações para pacientes da atenção primaria à terciaria. Objetivo: Analisar o perfil sociodemográfico e a percepção das atuações preventivas no atendimento a uma amostra transversal de pacientes de alto risco de CV do setor ambulatorial de um Hospital Terciário da Zona Sul do Rio de Janeiro. Materiais e Métodos: Estudo observacional (nov/22-jan/23) com dados coletados por entrevista acerca do perfil socioeconômico, nível de escolaridade, relação com a Equipe de Estratégia da Saúde da Família (ESF) e relato de instrução de cuidados preventivos recebidos durante consultas ambulatoriais. Resultados: Entrevistados 232 pacientes, 50% homens (n=116), média de idade 64±20,5 anos e 56,4% com nível de escolaridade máxima sendo o ensino fundamental. Embora 83,1% (n=193) conheçam a localidade da sua Clínica da Família (CF), somente 65% já a frequentaram e 50,4% reconhecem a equipe (nome do Agente Comunitário de Saúde, Médico ou Enfermeiro). Cerca de 33% relataram ter ido a CF há mais de seis meses e somente 25,8% (n=39) no último mês. Quanto a instrução de medidas de prevenção de DCV, 83,6% (n=194) disseram nunca ter recebido recomendação cardiológica para vacinação da gripe ou pneumonia e 78,4% (n=182) não foram recomendados à orientação para cuidados de saúde bucal. Conclusão: Os dados enfatizam a falta de vínculo de longitudinalidade para acompanhamento de cardiopatias na atenção básica, defasagem na instrução quanto aos cuidados preventivos na atenção terciaria, pouca comunicação entre a atenção terciaria e primaria no manejo e, ainda, a necessidade de uma educação continuada que abranja os diferentes níveis socioculturais e de escolaridade. O reflexo de uma articulação defasada na Rede de Atenção à Saúde entre a ESF, uma das principais portas de entrada ao SUS, e a atenção terciaria, reflete na superlotação dos serviços, na evasão de pacientes e na dificuldade do manejo das cardiopatias, uma vez que o cuidado integral é um princípio ético doutrinário do SUS e o reforço de instruções na medicina preventiva é uma consistente ferramenta na prevenção e manejo de doenças.