INTRODUÇÃO: A construção de uma política sólida e permanente para pessoa em situação de violência prevê implantação de diversos serviços e equipamentos voltados para a proteção dessa população, sendo a Unidade Básica de Saúde (UBS) porta de entrada e acompanhamento através do Núcleo de Prevenção a violência (NPV), responsável pela articulação intersetorial, objetivando atendimento integral. MÉTODO: Estudo descritivo pautado em relato de experiência profissional e análise de prontuário em UBS na região sul de São Paulo. RESULTADOS: Gestante D.M. da C, 35 anos, trabalha na área de segurança, solteira, primigesta, procura atendimento na UBS em julho/2022 com o objetivo de iniciar pré-natal tardio com idade gestacional 26 semanas e 5/7 dias, durante atendimento manifesta desejo de realizar entrega voluntária do nascituro imediatamente após o parto. Orientada sobre pré-natal, maternidades de referência e centro de parto humanizado. Encaminhada para avaliação com assistente social da unidade durante atendimento, esclarece que a gestação se deu em decorrência de violência sexual. Não possui rede de apoio em São Paulo, familiares residem no Nordeste. Evidenciou desejo de o parto ser humanizado, devido receio de sofrer algum tipo de violência obstétrica em virtude da sua decisão, durante o trabalho de parto e não ter sua vontade respeitada. Realizada articulação com o Serviço Social do Hospital Municipal com o objetivo de viabilizar fluxo de atendimento. Encaminhado relatório informativo sobre o caso para a Vara da Infância de Santo Amaro. Em setembro/2022 realizada reunião online entre a casa de parto, o hospital e UBS, com o objetivo de alinhar informações sobre o acompanhamento. Gestante seguiu em atendimento semanal de pré-natal, psicoterapia on-line. Em 08 de outubro iniciou trabalho de parto sendo admitida na casa de parto conforme sua vontade, porém parturiente necessitou que fosse realizada uma cesariana de emergência, sendo conduzida ao Hospital Municipal acompanhada por uma Doula Voluntária, tendo seu direito preservado. Após período no berçário criança é encaminhada para abrigo na região e posteriormente adotada. CONCLUSÃO: A avaliação da Enfermagem e do Serviço Social da UBS em parceria com a Casa de Parto e Hospital foram essenciais para a identificação das demandas sociais da paciente, sendo realizado mapeamento da rede de proteção no território, com articulação de suporte jurídico, fortalecimento da rede de apoio formal, e garantia de direitos previstos pelo Sistema único de Saúde (SUS).