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Miopatia necrotizante imunomediada por uso estatina

Marina de Oliveira Silva, Caio Menezes Machado de Mendonça, Hassan Rahhal, Bruno Mahler Mioto, Marcio Hiroshi Miname, Luiz Antonio Machado César, Luís Henrique Wolff Gowdak
INSTITUTO DO CORAÇÃO DO HCFMUSP - - SP - BRASIL

Introdução

O uso de estatina é recomendado para prevenções primária e secundária da doença cardiovascular aterosclerótica, sendo um dos fármacos mais prescritos. Sintomas musculares associados ao seu uso costumam ser auto-limitados.  Entretanto, a doença rara, miopatia necrotizante imunomediada associada a estatina (MNIM) requer rápida identificação e tratamento específico.

Relato de caso

Paciente feminina, 68 anos, hipertensa, diabética, com doença coronariana triarterial, vem a consulta de rotina em cadeira de rodas. Na ocasião, referia, há 2 semanas, diminuição da força motora e dor intensa nos membros inferiores, diminuição da diurese e urina enegrecida. Em sua última consulta o LDL era 92 mg/dl, o que provocou um ajuste da atorvastatina de 40 mg/dia para 80 mg/dia. Ao exame físico, apresentava força grau IV em membros superiores (MMSS), força grau II em membros inferiores e reflexos profundos ausentes. Ela foi internada com a hipótese de miopatia, confirmada pela CPK de 38.360 IU/L e os achados da ressonância magnética.  Evoluiu com disfonia, disfagia. Os exames (FAN, antiJO, antiSRP) para exclusão de doenças inflamatórias autoimunes, como polimiosite, foram negativos. O serviço de saúde não possuía o anticorpo anti-HMG-CoA redutase . No entanto, a história clínica e a linha temporal marcada pelo aumento da dose de estatina, permitiram o diagnóstico presuntivo de miopatia por estatina. Ela recebeu imunoglobulina (2 g/Kg) e pulsoterapia com metilprednisolona. Uma biopsia muscular foi realizada após um ciclo de imunoglobulina, identificando atrofia muscular. A paciente teve alta com metotrexato e azatioprina. Após 3 meses, retornou com força grau V em flexão e extensão de pernas e MMSS, grau IV para flexão do quadril. 

 Ressonância magnética de coxas mostrando edema difuso dos ventres musculares.

Discussão

A MNIM é rara, tendo prevalência de 2 a 3 casos para cada 100.000 pacientes tratados com estatina, acometendo, principalmente, mulheres entre 40-50 anos. Ela é causada pela presença do anticorpo contra HMG-CoA redutase, um exame pouco disponível no Brasil e no mundo pelo seu alto custo 

A MNIM é marcada por fraqueza dos grupamentos musculares proximais dos membros, associada com elevação da CPK. O principal diagnóstico diferencial faz-se com polimiosite. A biopsia muscular é o padrão-ouro para diagnóstico. O tratamento envolve corticoide, imunoglobulina e imunossupressores.

Médicos devem estar cientes desse evento adverso grave da estatina para diagnóstico e tratamento precoces

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