Introdução: A identificação de marcadores prognósticos relacionados a ocorrência de eventos e recuperação da função ventricular pode ser importante em pacientes com miopericardite (MPA) aguda. A variabilidade morfológica do seguimento pode ajudar nessa avaliação. Objetivos: Avaliar a evolução e variabilidade dos achados morfológicos da RMC relacionada a ocorrência de eventos combinados e ao incremento da fração de ejeção de ventrículo esquerdo (FEVE) em pacientes com MPA. Métodos:Os critérios de inclusão foram: dor torácica e/ou alterações eletrocardiográficas associadas à elevação de troponina (acima do percentil 99%) na ausência de estenose coronária (lesões < 50% no cateterismo, angiotomografia coronária ou ambos) e diagnóstico da MPA pela RMC cardíaca em < 48 horas da admissão, confirmado pela presença de edema e/ou realce tardio. Foram incluídos 36 pacientes. A avaliação final da ocorrência de eventos combinados (morte por todas as causas, insuficiência cardíaca e recorrência da MPA) e a avaliação do incremento de FEVE (aumento > 5%) foi realizada após seguimento de até 24 meses. Os casos foram reconvocados para realização de nova RMC entre 6 e 18 meses do evento inicial. Resultados: O seguimento médio dos pacientes foi 18,7 meses. Na análise multivariada correlacionando a variabilidade (Δ) das características morfológicas miocárdicas entre a RMC evolutiva e a RMC inicial com eventos combinados no seguimento de longo prazo, não se observaram diferenças significativas em nenhuma das variáveis analisadas. Na análise multivariada correlacionando a variabilidade (Δ) das características morfológicas miocárdicas entre a RMC evolutiva e a RMC inicial com incremento ou não da FEVE, observaram-se diferenças significativas em Δ FEVD (OR = 1,140, CI 95%: 1,023 – 1,270, p = 0,018), Δ volume sistólico final do VE (OR = 0,927, CI 95%: 0,875 – 0,981, p = 0,009), Δ índice de volume sistólico do VE (OR = 0,794, CI 95%: 0,656 – 0,962, p = 0,018) e Δ volume diastólico do VE (OR = 0,949, CI 95%: 0,905 – 0,994, p = 0,028). Conclusão: Não se observou associação significativa entre eventos combinados no seguimento a longo prazo com variabilidade morfológica, no entanto, existe relação entre variabilidades principalmente de índices volumétricos com incremento final de FEVE.