Introdução: A identificação de marcadores prognósticos relacionados à ocorrência de eventos em pacientes com miopericardite aguda ainda é pouco descrita. No entanto, pode ser determinante no acompanhamento. Métodos: Estudo prospectivo, unicêntrico e observacional com o objetivo de avaliar troponina ultrassensível relacionados a eventos combinados em miopericardites agudas ou incremento de FEVE. Eventos combinados em longo prazo foram considerados morte, insuficiência cardíaca, recorrência e reinternação. Incremento de FEVE foi considerado aumento de 5% da FEVE no seguimento de 6 meses. Na avaliação final da ocorrência de eventos combinados (morte por todas as causas, insuficiência cardíaca e recorrência da MPA), após seguimento de até 24 meses, permaneceram 100 pacientes e na avaliação do incremento de FEVE (aumento > 5%) e 36 casos que foram reconvocados para realização de nova RMC entre 6 e 18 meses do evento inicial. Os critérios de exclusão foram instabilidade hemodinâmica e clearance de creatinina < 30 ml/min. Em todos os pacientes a RMC (1.5T Philips scanner) foi realizada nas primeiras 48 horas aplicando-se as técnicas de realce tardio, hipersinal em T2 e cine mode. O seguimento médio foi de 18,7 meses. Análise estatística: A avaliação de troponina de acordo com a ocorrência ou não de eventos combinados foi realizada através de teste-T e Q-quadrado, sendo considerado significativo p < 0,05. Análise multivariada foi realizada por regressão logística, sendo considerado significativo p < 0,05. A análise complementar da troponina foi feita por curva ROC como discriminador de probabilidade de eventos.Resultados: Foram encontradas diferenças significativas no valor de troponina entre pacientes que tiveram eventos combinados ou não, respectivamente (13,9 + 18,5 ng/ml vs. 19,2 + 18,3, p = 0,012), e também entre pacientes que tiveram ou não incremento em FEVE (28,6 + 22,1 ng/ml vs. 14,6 + 15,0, p = 0,038). Na análise multivariada, manteve correlação somente a troponina com incremento ou não de FEVE (OR = 1,031; IC 1,003 – 1,059, p = 0,030). A área sob a curva ROC da troponina relacionada ao incremento ou não de FEVE foi de 0,670, tendo melhor ponto de corte para discriminar o risco de eventos de 19,89 ng/ml (sensibilidade de 60% e especificidade de 73%). Conclusão: Troponina apresentou correlação prognóstica importante com incremento de FEVE no seguimento em longo prazo.