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Implante de balão intra-aórtico por via axilar em pacientes com IC avançada - análise retrospectiva

Bruno Alves da Mota Rocha, Fernando Chiodini Machado, Rafael Nunes de Oliveira, Luis Gustavo Mapa Santos, Guilherme Bratz, Antônio Fernando Diniz Freire, Fábio Sândoli de Brito Júnior, Alexandre Antônio Cunha Abizaid, Pedro Felipe Gomes Nicz
INSTITUTO DO CORAÇÃO DO HCFMUSP - - SP - BRASIL

Atualmente, o dispositivo de assistência ventricular mais frequentemente utilizado nos pacientes com insuficiência cardíaca (IC) avançada é o balão intra-aórtico (BIA). Classicamente é utilizado a via de acesso percutâneo das artérias femorais, com a desvantagem da redução de mobilidade no leito e complexidade da remoção, com eventual necessidade de fechamento cirúrgico da arteriotomia.

O primeiro relato da técnica de inserção pela via axilar esquerda foi descrito em 1989 por McBride et al, demonstrando ser uma via segura e com a vantagem de permitir deambulação do paciente. A primeira série de pacientes tratados com BIA axilar foi publicada em 2013, onde 50 pacientes utilizaram BIA axilar com duração média de 18 dias, com alta taxa de sucesso terapêutico e poucas complicações descritas.

Poucos centros no Brasil realizam implante de BIA axilar e dados são ainda escassos. O objetivo deste estudo é relatar a experiência clínica de um centro terciário especializado em IC avançada utilizando o BIA por via percutânea axilar.

Realizamos uma análise retrospectiva dos pacientes que foram submetidos a implante de BIA axilar em nosso centro entre Dezembro de 2020 e Janeiro de 2023 e dois desfechos clínicos foram categorizados: 1- Sucesso: Evolução para transplante cardíaco ou implante de dispositivo de assistência circulatória mecânica (DACM) de longa duração ou melhora clínica com retirada do BIA. 2-Insucesso: Óbito, progressão para de DACM para ECMO ou retirada de BIA devido perda de candidatura para transplante cardíaco.

Durante este período, 13 pacientes foram incluídos, com duração média de 16 dias. Foi observado sucesso em 6 pacientes, eventos adversos em 5 pacientes: 2 deslocamentos do dispositivo, 1 isquemia de membro superior esquerdo, 1 bacteremia e 1 acidente vascular cerebral.

Até o conhecimento dos autores, este é a maior estudo de pacientes com uso de BIA axilar em um centro brasileiro. Os dados desta análise unicêntrica  mostraram que o implante de BIA por via axilar é um procedimento seguro e eficaz em pacientes com IC avançada. Uma possível vantagem do uso do BIA axilar seria a melhora da restrição de mobilidade, visto que uma pior capacidade funcional em candidatos a transplante cardíaco está associada a um aumento de complicações perioperatórias e aumento no tempo de recuperação impactando negativamente no desfecho pós-transplante. Mais estudos são necessários para consolidar os benefícios do uso do BIA axilar nos pacientes com IC avançada, sobretudo do impacto da redução da restrição de mobilidade.

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