Introdução: Observamos nos últimos anos um aumento progressivo na expectativa de vida em todo o mundo. Devido à melhora nos processos propedêuticos e terapêuticos, além da redução das mortes por doenças infectoparasitárias e por causas externas nos deparamos cada vez mais com doenças crônicas que levam os pacientes a eventos oncológicos e cardiovasculares com necessidade de ingresso em programas de reabilitação. A correta avaliação dos pacientes com uso de testes funcionais complementares auxilia no melhor conhecimento do status funcional atual levando a uma prescrição de exercício individualizada. Objetivo: Descrever o perfil de testes funcionais de pacientes octagenários encaminhados ao programa de reabilitação cardiopulmonar. Materiais e métodos: Avaliados de forma restrospectiva os prontuários de pacientes encaminhados entre janeiro de 2021 e dezembro de 2022 para o programa de reabilitação cardiopulmonar que realizaram teste de caminhada de 6 minutos (TC6M), pressão inspiratória máxima através de manovacuometria (PImáx), teste de preensão palmar realizada através de dinamometria (TPP) e teste de sentar e levantar da cadeira de 30 segundos (TSL30). Os dados foram analisados por meio de equações validadas em literatura para definição de valores preditos para cada teste. Resultados: Avaliados 35 pacientes sendo 21 do sexo masculino, idade média de 83,1+2,6 anos com IMC de 25,6+3,8. A mediana dos valores percentuais em relação aos preditos nos testes funcionais foi TC6M 68,4+33,3%, PImáx 71,3+47,1%, TPP 71,3+47,1%, TSL30 64,5+28,9%. Discussão: Nesta população observamos que diversos componentes da capacidade funcional encontram-se comprometidos em relação ao predito para a idade. Especial atenção aos valores observados nos testes funcionais que envolvem movimentos que apresentam componente aeróbio mais exuberante como o TC6M e o TSL30, denotando a efetiva redução da capacidade cardiopulmonar levando a limitação para realização das atividades de vida diária. Observa-se ainda que apesar de menor intensidade, os testes que avaliam mais predominantemente a força muscular também encontram-se reduzidos. Este fato é de grande relevância pois estes relacionam-se com fragilidade, e esta gera grande morbimortalidade em indivíduos desta faixa etária. Conclusão: Os testes utilizados na rotina de avaliação mostraram redução uniforme dos resultados, evidenciando assim a necessidade de uma avaliação diferenciada para o grupo de octagenários, com testes específicos para as fragilidades apresentadas, melhor direcionando uma prescrição individualizada dessa população.
