Introdução: O maior desafio na intervenção coronária percutânea (ICP) é representado pela oclusão coronariana crônica (CTO). O acesso arterial transradial distal (dTRA) na fossa radial (tabaqueira anatômica) apresenta, em relação ao seu correspondente proximal (pTRA), vantagens como maior conforto a pacientes (pcts) e operador (sobretudo para o dTRA esquerdo), menos sangramentos, hemostasia mais rápida e substancial redução no risco de oclusão da artéria radial (AR) proximal. Material e Métodos: Descrevem-se os dados de 129 pacientes (pcts) submetidos a ICP-CTO via dTRA (acesso primário) e inseridos nos registros LATAM CTO e DISTRACTION. Resultados: As tabelas demonstram as características dos pcts e dos procedimentos. A média de idade da amostragem foi 63,08±9,7 anos, com maioria do gênero masculino (74,25%), hipertensão arterial sistêmica (84,5%), tabagismo ativo atual ou pregresso (64,3%) e síndromes coronarianas crônicas (62,8%); 47,3% possuíam diabetes. As indicações para a ICP-CTO atenderam às recomendações formais, destacando-se alívio de angina refratária (90,7%). Com J-CTO escore médio de 1.73±1.08, todas as ICP-CTO foram executadas com técnicas de cruzamento anterógrado dos dispositivos, essencialmente por limitações ao uso de devices específicos para a via retrógrada (87,9% de pacientes do SUS). Contudo, atingiu-se a excelente taxa de sucesso (89,6%). Com exceção de apenas 4 “access site crossovers”, logrou-se inserção bem-sucedida do sheath, mormente 6Fr (96,1%), por via dTRA direito (63,4%) e hemostasia por TR band® (91,5%). Houve repetição de dTRA ipsilateral (redo dTRA) em 17 (13,2%) pcts e dTRA bilateral concomitante (simultaneous coronary dual injection) em 17 (13,2%) pcts. As artérias descendente anterior e coronária direita foram os território-alvo mais prevalentes (48,4 e 36,7%, respectivamente). Não ocorreram complicações maiores relacionadas aos procedimentos, nem qualquer documentação de oclusão de AR (distal e proximal) à alta hospitalar. Conclusões: Mesmo para quão desafiador cenário como a ICP-CTO, o dTRA (bem como a sua repetição ipsilateral e a sua concomitância bilateral), executado por operadores proficientes, é exequível e seguro, com significativa redução de complicações associadas à via de acesso, bem como conforto a paciente e operador.