Introdução: A cineangiografia (CINE) e as intervenções coronarianas percutâneas (ICP) das artérias coronárias nativas e dos enxertos cirúrgicos têm sido historicamente realizadas pela clássica via transfemoral. Particularmente para os pacientes com enxerto de artéria mamária interna esquerda (AMIE), o acesso transradial esquerdo proximal (lpTRA) representa uma alternativa viável, com significativamente menos complicações vasculares, mas apresenta desvantagem ergonômica para o operador, devido à necessidade de se curvar sobre os pacientes, principalmente nos obesos. O acesso transradial distal (dTRA) pode oferecer vantagens importantes, incluindo mais célere hemostasia e maior conforto do paciente e do operador, principalmente para o dTRA esquerdo (ldTRA). Material e métodos: Analisaram-se os dados de 185 pacientes consecutivos com histórico de cirurgia de revascularização miocárdica (CRM) submetidos a CINE e/ou ICP via dTRA, de fevereiro de 2019 a fevereiro de 2023, incluídos no registro de coorte prospectivo DISTRACTION (DIStal TRAnsradial access as default approach for Coronary angiography and intervenTIONs, ensaiosclinicos.gov.br Identificador: RBR-7nzxkm). Resultados: A média de idade dos pacientes foi 68 anos, em sua maioria do gênero masculino (83,2%) e com síndromes coronarianas crônicas (82,2%). A artéria radial distal foi puncionada com sucesso em todos os 185 pacientes, sem guia ultrassonográfica. Todos os procedimentos envolvendo enxertos de AMIE foram executados via ldTRA. Houve apenas 9 (4,9%) crossovers de via de acesso. Logrou-se, então, inserção bem-sucedida do sheath arterial via dTRA em todos os pacientes, principalmente (62,7%) via ldTRA e com sheath (padrão) 6Fr (98,4%). Palparam-se, à alta hospitalar, os pulsos radiais distais e proximais ipsilaterais ao dTRA de escolha em todos os pacientes. Não se registraram eventos cardíacos e cerebrovasculares adversos maiores ou qualquer complicação relacionada ao dTRA.Conclusões: A incorporação do dTRA como via de escolha preferencial para a execução rotineira de CINE e/ou ICP em vasos nativos e enxertos cirúrgicos em pacientes pós-CRM, por operadores proficientes, parece ser exequível e segura. Ensaios robustos e randomizados são necessários e esperados para se ratificarem os benefícios clínicos e a segurança desta nova técnica.