Introdução:
A insuficiência mitral (IM) é uma causa frequente de descompensação em pacientes com insuficiência cardíaca (IC), e se associa a desfechos clínicos desfavoráveis, incluindo aumento da mortalidade. O reparo percutâneo da valva mitral utilizando o sistema MitraClip® tornou-se uma opção terapêutica em pacientes com IM grave considerados de alto risco cirúrgico. O ecocardiograma transesofágico (ETE) é importante para definir elegibilidade, guiar o procedimento, acompanhar possíveis complicações e avaliação do resultado final. A técnica consiste em uma punção do septo interatrial e direcionamento do dispositivo até ficar alinhado sobre a origem do jato regurgitante. Os folhetos mitrais são capturados e o dispositivo é fechado para aproximação dos mesmos, com redução da regurgitação mitral.
Objetivos:
Analisar dados relacionados ao procedimento de implante de MitraClip® em hospital de referência de São Paulo.
Métodos:
Realizamos análise descritiva de uma série de 92 casos de insuficiência mitral grave com contraindicação clínica ao procedimento cirúrgico, no período entre 2016 e 2022, em hospital de referência de São Paulo. Descrevemos a prevalência das etiologias e dados relacionados ao procedimento de implante de MitraClip®. As variáveis contínuas foram descritas em média e desvio padrão.
Resultados:
Foram analisados 92 casos de implante de MitraClip® no período de 2016 a 2022, sendo que mais de 50% dos casos ocorreram nos últimos 3 anos. Do total de casos 45% tinham IM de etiologia primária, 36% secundária e 19% mista.
Todos os procedimentos foram realizados em sala de hemodinâmica ou sala híbrida, guiados por ecocardiografia transesofágica. O tempo médio de procedimento foi de 114 ± 29 minutos, e a média de Clips implantados foi de 1,73 ± 0,35.
Utilizando uma escala de graduação da IM de discreta (1+) a importante (4+), avaliada pelo ETE, antes da realização do procedimento a média de gravidade era de 3,85 ± 0,13 e após o implante do clip era de 1,34 ± 0,25.
Conclusão:
O uso do Mitraclip tem se mostrado como opção terapêutica com bons resultados nos pacientes com IM grave e contraindicação ao procedimento cirúrgico