Introdução: Angina Refratária (AR) é uma condição clínica que impõe limitações que afetam a qualidade de vida dos pacientes, entretanto não se é bem conhecido o impacto desta na qualidade do sono. Objetivo: Avaliar a Qualidade do Sono (QS) em pacientes com AR em seguimento ambulatorial e a relação dos fatores clínico-sociodemográficos, da dor e da qualidade de vida. Métodos: Estudo transversal realizado por entrevista clínica e aplicação dos questionários de sono de Pittsburgh (PSQI), Angina de Seattle, Qualidade de Vida (SF-36) e Inventário Breve de Sintomas (BSI), em pacientes com AR em acompanhamento ambulatorial. Para as variáveis de continuidade, teste t-student, com correção de welch ou Mann-Whitney foram utilizados, assim como χ2 com correção de Yates ou Exato de Fisher para as categóricas. Para análise linear, correlação de Spearman e regressão linear multivariada, ajustada aos fatores de confusão, colinearidade e homoscedasticidade, adotando intervalo de confiança de 95% e valor de p<0,05. Resultados: De 148 pacientes recrutados, obteve-se uma amostra de 30 voluntários, predominando Qualidade do Sono (QS) ruim (77%/23). Houve associação significativa entre histórico familiar de Doença Arterial Coronariana e QS ruim (78%/18; χ2 Yates:3,94; gl:3; p=0,047). Os aspectos emocionais foram correlacionados negativamente com o domínio PSQI “disfunção diurna” [rho=-0,510; p=0,004]. Para a regressão linear multivariada, pacientes com três filhos ou menos, comparando aos sem filhos, deteram pontuações piores de QS [β-3filhos:8.70/P=0,012; β-2filhos:6.91/P=0,024; β-1filhos:8.44/P=0,012] e as religiões evangélica, católica ou outras obtiveram em média melhores valores do escore global, quando comparadas à espírita [β:-7.29/P=0.026; β:-7.29/P=0.044; β:-9.65/P=0.012], respectivamente. A cada unidade de variação de melhora no escore de qualidade de vida ou piora dos sintomas psicológicos pelo índice de gravidade global do BSI, modifica-se em média 0,095 e 0,172 pontos de piora para o PSQI global, ou seja, pior QS [β:0.094/P=0.019;β:0.172/P=0.016], respectivamente. Nota-se que 71% da variância dos dados foi explicada por este modelo preditivo [R2:0.712]. Conclusão: Pacientes ambulatoriais com AR são dormidores ruins. Houve associação entre histórico familiar de doença arterial coronária e QS ruim. Os aspectos emocionais foram correlacionados negativamente com a disfunção diurna e a presença de filhos, religião espírita, qualidade de vida e índice geral de sintomas psicológicos foram variáveis preditoras independentes de pior QS.