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TRABALHOS APROVADOS > RESUMO

Disfunção Miocárdica e Remodelamento do Ventrículo Esquerdo na Apneia do Sono: Achados Ecocardiográficos

FIUSA, V. C.1, NEIVA, Y. B.2, BICHUETTE, J. C. S.1, MACHADO, J. O.1, PARENTE, J. A. I.2, FERNANDEZ, M. D. F.4, NOGUEIRA, A. C. C.2, FREITAS, W. M.3, CARVALHO, L. S. F.2,3,4
1ESCS - Brasília - DF - BR, 2UCB - Brasília - DF - BR, 3Biocárdios - Brasília - DF - BR, 4Clarity - Jundiaí - SP - BR

Introdução

A síndrome da apneia obstrutiva do sono (SAOS) é um distúrbio caracterizado por períodos de apneia ou hipopneia devido à obstrução mecânica do fluxo de ar durante o sono. A condição estabelece ciclos repetidos de apneia, hipercapnia e ativação simpática. Por sua vez, a noradrenalina tem efeito cardiotóxico, induzindo alongamento com disfunção e apoptose dos cardiomiócitos e, assim, colabora para a disfunção miocárdica e o remodelamento cardíaco. Este estudo tem como objetivo evidenciar os achados ecocardiográficos associados à disfunção miocárdica e ao remodelamento cardíaco presentes em pacientes com SAOS.

Métodos

Trata-se de uma coorte retrospectiva, incluindo pacientes de uma clínica de cardiologia de Brasília que realizaram ecocardiograma transtorácico entre janeiro de 2018 e janeiro de 2019. Esses foram divididos em dois grupos, portadores de SAOS e não-portadores. Foram escolhidas como variáveis dependentes: fração de ejeção (FE) reduzida (<50%); diâmetro diastólico final do ventrículo esquerdo (DDFVE) aumentado (>58,4mm p/ homens e >52,2mm p/ mulheres); alterações segmentares da contratilidade do VE; disfunção sistólica do ventrículo direito; e disfunção diastólica do VE grau IV. A análise estatística foi realizada no software IBM SPSS Statistics 26, onde foram executados: teste exato de Fisher para as frequências; teste t de Student e intervalo de confiança (IC) de 95% para as médias; e regressão logística binária para as probabilidades.

Resultados

Foram incluídos no estudo 723 participantes, dos quais 29 (4,01%) apresentaram SAOS e 694 (95,98%) não. Nos participantes com SAOS, observou-se maior frequência e maior odds ratio para seguintes variáveis: FE reduzida; DDFVE aumentado; alterações segmentares da contratilidade do VE; e disfunção diastólica do VE grau IV (Tabela 1). Também foi verificada: menor FE média no grupo com SAOS, de 62,47 (IC95% 58,84 - 66,09) contra 67,57 (IC95% 67,25 - 67,88) dos não-portadores (p < 0,001); e maior DDFVE médio nas mulheres com SAOS, de 47,92 (IC95% 45,26 - 50,58) contra 45,63 (IC95% 45,22 - 46,03) das não-portadoras (p=0,048).

Conclusão

Os resultados deste estudo apontam que pacientes com apneia do sono apresentam mais frequentemente FE reduzida, DDFVE aumentado, alterações segmentares da contratilidade do VE, e disfunção diastólica do VE. Embora não seja possível atribuir causalidade, sugerem forte associação entre apneia do sono e dilatação do VE, com disfunção miocárdica segmentar e prejuízo à função sistólica e/ou diastólica.

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