Introdução: A Insuficiência Cardíaca (IC) é uma doença grave, de alta complexidade, em que o coração não é capaz de suprir a demanda de sangue do corpo. Ocasionalmente, esses pacientes podem receber contra-indicações para transplante (TX), tendo a perspectiva de implante de dispositivo de assistência ventricular (DAV) permanente. O DAV demanda cuidados específicos, como realização de curativos, organização objetiva e subjetiva para troca de baterias e aceitação de dependência de uma máquina que necessita de energia para funcionar. Portanto, houve uma crescente na demanda de avaliação psicológica para essa população, o que evocou a necessidade de criação de um protocolo de avaliação psicológica específico.
Objetivos: Criar um protocolo de avaliação psicológica para candidatos a implante de DAV como terapia destino.
Método: Relato de experiência da avaliação e acompanhamento de pacientes para a terapia proposta, tal como revisão bibliográfica de dados da literatura sobre traços de personalidade e desfechos clínicos.
Resultados: Todos receberam contra-indicação clínica para TX, passando por avaliação, acompanhamento pré e pós implante de dispositivo com toda a equipe multiprofissional. Observou-se os seguintes traços de perfil psicológico como importantes na aceitação e adaptação à proposta terapêutica: estilo de coping focado no problema ao invés de coping focado na emoção, alta tolerância à frustração, ausência de histórico de transtornos de humor ou perfil de instabilidade emocional, e predominância de afetos positivos. Notou-se uma maior facilidade dos homens para racionalizar o tratamento e aceitar a condição atual, enquanto as mulheres trouxeram um perfil predominantemente emotivo, com afetos negativos, o que dificultou o enfrentamento como um todo. Tais observações também foram apontadas pelos estudos longitudinais encontrados, principalmente aspectos relacionados ao coping focado no problema.
Conclusão: Foi possível elaborar um Protocolo de Avaliação Psicológica para DAV que abarque: entrevista semi-dirigida, HTP (House Tree Person) e/ou Brief-COPE. Tais instrumentos fortalecem a análise do candidato – compreendendo que o perfil psicológico com coping focado na emoção; baixa tolerância à frustração e históricos de transtornos de humor – são fatores dificultadores para aceitação e adaptação da proposta e demandarão maior atenção e orientação da equipe multiprofissional como um todo.