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Síndrome Coronária Aguda em Octogenários no Brasil: Dados do Registro ACCEPT

Pedro G M de Barros e Silva, Lucas Tramujas, Elizabete Silva dos Santos, Antônio C S Sousa, Margaret Assad Cavalcante, Pedro Beraldo de Andrade, Renato D Lopes, Otavio Berwanger, Luiz A Piva e Mattos
HOSPITAL DO CORAÇÃO - - SP - BRASIL, Hospital Samaritano Paulista - São Paulo - SP - Brasil, SBC - RJ - RJ - Brasil

 

Introdução: Pacientes com síndrome coronária aguda (SCA) acima dos 80 anos são pouco representados em ensaios clínicos, sendo necessário avaliar o padrão de tratamento e desfechos destes pacientes em estudos de “mundo real”. 

Métodos: O registro ACCEPT foi o maior estudo prospectivo com seguimento de 1 ano já publicado de pacientes com síndrome coronária aguda no Brasil. O ACCEPT incluiu 4.782 pacientes com diagnóstico confirmado de SCA.  As características dos pacientes, o uso concomitante de medicamentos e os desfechos clínicos foram avaliados no grupo 80 anos em comparação com outras faixas etárias.   

Resultados: Um total de 417 de octogenários foram incluídos no ACCEPT (8,7% do total da amostra; IC95% 7,9%-9,5%). A distribuição de angina instável foi semelhante nos grupos < 80 anos (30,5%; IC 95% 29,1-31,9%) e > 80 anos (29,9%; IC95% 25,6-34,6%), porém diferentes para os casos de IAM com elevação de ST (32,6% vs. 25,4%; P<0,01) e de IAM sem elevação de ST (36,8% vs. 44,7%; P<0,01). Em relação às terapias aplicadas nas primeiras 24h, houve diferença especialmente no grupo de IAM sem supra com menor uso de AAS (95.2% vs. 97.9% P = 0,02) e IECA (53.8% vs 65.8%; P <0,01), além de menor estratificação invasiva nos pacientes > 80 anos (e menor terapia de reperfusão nos casos de IAM com elevação de ST). A taxa de eventos combinados intra-hospitalares foi aproximadamente o dobro no grupo > 80 anos 10.6% vs 5.2% P < 0,01), incluindo maior mortalidade (8,7% vs 2,7% P <0,01). Da mesma forma que no tratamento intra-hospitalar, no seguimento de 12 meses, houve menor uso de terapias baseadas em evidências na população de octogenários, incluindo menor uso de AAS (80.9% vs 89.6%; P < 0,01) e IECA (53.2% vs 62.3%; P = 0,02), além de menor uso de estatina (80.9% vs 86.9%; P = 0,01) e betabloqueador (69.1% vs 77.2%; P < 0,01).

Conclusões: A análise do maior estudo prospectivo nacional de pacientes com SCA mostra diferenças importantes nos casos de SCA na prática clínica, desde o tipo de apresentação, tratamento oferecido e desfechos clínicos. Diferenças foram identificadas não apenas no cuidado intra-hospitalar mas também no seguimento de 12 meses. Ações para oferecer um cuidado completo pós-infarto aos pacientes octogenários devem ser realizadas para mudar o cenário identificado no registro ACCEPT.

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