INTRODUÇÃO
A miocardite é descrita como um infiltrado inflamatório no miocárdio que comumente ocorre após quadros virais. O diagnóstico definitivo é feito com a biópsia endomiocárdica do ventrículo direito. O tratamento, embora controverso, objetiva restabelecer a função cardíaca.
METODOLOGIA
Trata-se de um estudo descritivo, tipo relato de caso, realizado com informações do prontuário, bem como resultados e laudos dos demais exames (fonte dos dados: InCor).
RESULTADOS
LTS, feminina, 42, apresentou quadro de dispneia aos esforços em dez/2020, sendo internada por choque cardiogênico, ficando em oxigenação por membrana extracorpórea (ECMO), tendo melhora com hipótese de Síndrome de Takotsubo.
Em 17/11/21, retorna com dispneia, náuseas e hipotensão. Exames apresentaram aumento de troponina I, BNP, ureia, TGO e PCR. Tomografia por emissão de pósitrons apresentando alterações correspondentes a inflamação no miocárdio (provável sarcoidose cardíaca ativa). Foi internada, introduzido esquema imunossupressor com metilprednisolona, drogas vasoativas e balão intra aórtico. Posteriormente foi feita a troca de ECMO V-A Periférica e após 6 dias mudança para ECMO V-A Central. Realizada biópsia endomiocárdica que evidenciou intensa miocardite ativa linfocítica. Paciente continuou em estado grave, em uso de Noradrenalina + Adrenalina + Dobutamina e ECMO V-A Central.
A hemodiálise foi suspensa por descompensação hemodinâmica. Paciente mal perfundida, apresentando sangramento via drenos. Mantendo-se em uso de vasopressores, evoluiu com piora da perfusão no 10º dia de internação.
Imagem 1: Áreas focais com captação moderada/acentuada de FDG em VD e VE, podendo corresponder a processo inflamatório no miocárdio.
De acordo com os achados, os níveis de PCR da paciente estavam elevados na admissão (17/11/2021) e durante a evolução do quadro (26/11/21), com valores em torno de 23,1 mg/L e 173 mg/L, respectivamente.
Imagem 2: Supra de ST com BRD.
Imagem 3: VE apresenta função sistólica diminuída à custa de hipocinesia. A fração de ejeção do ventrículo esquerdo (FEVE) foi estimada em 50% no dia 17/11/2021.
Imagem 5: 17/11/2021 à esquerda e 24/11/2021 à direita.
Observamos recorrência do quadro de miocardite fulminante, sendo o primeiro episódio em dez/2020 com novo quadro de choque cardiogênico e evolução a óbito após 10 meses.
CONCLUSÃO
Descrevemos um caso de miocardite fulminante recorrente não responsiva a imunossupressão e medidas de suporte circulatório intensivo.