Introdução: A insuficiência cardíaca (IC) é uma das principais causas de hospitalização em adultos no Brasil e de acordo com o I Registro Brasileiro (BREATHE) e com o Registro Americano (ADHERE) de IC, mais da metade dos participantes era do sexo feminino, sendo 60% e 52%, respectivamente. Objetivo: Avaliar o perfil de mulheres internadas com IC descompensada com fração de ejeção reduzida em um programa de tratamento multidisciplinar de acompanhamento. Método: Trata-se de um estudo retrospectivo de pacientes internados por IC descompensada em um hospital privado de São Paulo sendo levantadas as internações de janeiro de 2019 a dezembro de 2022. Foram incluídos pacientes com idade superior a 18 anos e fração de ejeção do ventrículo esquerdo (FEVE) ≤ 40%. Resultados: Nesse período tiveram 716 internações por IC descompensada, sendo 196 (27,4%) de mulheres e 520 (72,6%) de homens. O número total de pacientes acompanhados foi 393 e, desses, 107 (27,2%) eram mulheres com idade média de 74 ± 13,8 anos, média do tempo de internação de 15,7 ± 18,5 dias, média da FEVE 30,3 ± 5,9%, mediana do NTproBNP na entrada de 9445 mg/dL e mortalidade total ao longo do acompanhamento foi de 28 (26,1%), sendo que 12 (42,8%) foram relacionadas a IC e 16 (57,2%), a outras causas. Amédia do tempo da internação até o óbito foi 392 dias (1 – 1249). Em relação aos antecedentes pessoais, 64,5% eram hipertensas, 42,1% com dislipidemia, 35,5% diabéticas, 28% com fibrilação atrial, 26,2% com infarto agudo do miocárdio prévio, 24,3% com insuficiência renal crônica e 18,7% com história de neoplasia prévia. Em relação ao tratamento cirúrgico cardiológico prévio, 28,9% já tinham se submetido à intervenção coronariana prévia, 10,3% à revascularização cirúrgica do miocárdio e 7,5% à cirurgia valvar. Quanto às etiologias predominantes: isquêmicas (45,8%), idiopática (9,3%) e a esclarecer (9,3%); sendo menos predominantes hipertensiva, infiltrativa e periparto, todas com 1,9% cada. Discussão: Apesar do BREATHE e ADHERE demonstrarem que mais da metade era do sexo feminino,nossa população de mulheres foi minoria no período acompanhado. A mortalidade desse público relacionada a IC foi de 11,2%, com predomínio da etiologia isquêmica e média de idade de 74 anos, sendo superior à média documentada pelo BREATHE que foi de 64 anos. Conclusão: O perfil atual de mulheres com IC mostra-se diferente da literatura. No entanto, a mortalidade continua elevada e o conhecimento desse grupo torna possível melhorias no tratamento e acompanhamento multidisciplinar.