Apesar da diversa variedade de neoplasias cardíacas, os tumores do coração são muito raros, e o acometimento secundário ocorre cerca de 20 vezes mais do que o primário. A presença de derrame pericárdico é muitas vezes o primeiro e único achado para suspeita do seu diagnóstico. Este caso é sobre a ocorrência de tumor de células germinativas no mediastino, com envolvimento do coração.
Paciente, 46 anos, hipertensa, procura o PS em 09/12/2022 com quadro de dor torácica e dispneia aos esforços nos últimos 30 dias. Ecocardiograma, evidenciando derrame pericárdico importante com sinais de restrição de enchimento de câmaras direitas, com maior lâmina medindo 32 mm. Indicada a drenagem cirúrgica do pericárdio com saída de 1200 ml de líquido serohemático. Painel reumatológico, reatividade macrofágica, cultura para fungos, bactéria. BAAR, anatomopatológico (AP) e citológico negativos para neoplasia. Realizada angiotomografia de coronárias, evidenciou volumosa lesão infiltrativa com atenuação de partes moles envolvendo a aorta, a parede dos átrios, os segmentos proximais das artérias coronárias, o terço inferior da veia cava superior e região proximal das veias pulmonares, determinando compressão sobre a aurícula esquerda, veia cava superior, veias pulmonares e artéria pulmonar direita. Este achado não foi encontrado em exame realizado 30 dias antes deste. Recebe alta com o diagnóstico de derrame pericárdico idiopático. Em nova biópsia por toracoscopia em 17/01 evidenciada neoplasia maligna indiferenciada com componentes epitelioide e fusocelular sarcomatoide em mediastino, e iniciado tratamento para neoplasia germinativa. Dez dias após o início do tratamento, paciente evoluiu com disfunções orgânicas sendo encaminhada a UTI, onde evoluiu com desconforto respiratório e necessidade de suporte ventilatório mecânico e segue em estado grave em terapia intensiva.
O diagnóstico precoce de neoplasias com envolvimento cardiovascular é imperativo para o prognostico do paciente, uma vez estabelecido o diagnóstico de doença com acometimento cardíaco a cirurgia, quimioterapia e radioterapia podem atuar prolongando a sobrevida dos pacientes por apenas poucos meses.