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Prognóstico a longo prazo da insuficiência cardíaca em mulheres e homens com doença valvar aórtica e mitral.

Giovanna Silva Machado, Geovana Braga do Nascimento, Caynã Guimarães de Freitas Cruz, Solange Desirée Avakian, Flávio Tarasoutchi, Carlos Henrique del Carlo, Antonio Carlos Pereira-Barreto, Antonio de Padua Mansur
INSTITUTO DO CORAÇÃO DO HCFMUSP - - SP - BRASIL

Fundamento: A insuficiência cardíaca (IC) está associada a maior mortalidade nas doenças valvares mitral e aórtica e a dispneia é o principal sintoma de indicação de intervenção cirúrgica nos pacientes com doença valvar significativa. Entretanto, pouco se sabe sobre as diferenças de prognóstico a longo prazo e os preditores de morte em homens e mulheres.

Métodos: De janeiro de 2009 a janeiro de 2023, analisamos a mortalidade e os preditores de morte por todas as causas em mulheres e homens com IC e doença valvar mitral e aórtica. Os dados basais incluíram características clínicas e achados ecocardiográficos. Utilizou-se o método de Kaplan-Meier (K-M) e os métodos de riscos proporcionais de Cox para análise das taxas de mortalidade e preditores de morte.

Resultados: Estudamos 1.376 pacientes, média de idade de 55,6 ± 14,8 anos, 576 (41,8%) do sexo masculino. Ao longo do seguimento médio de 7,3±3,8 anos, 67 (16,3%) homens e 157 (19,1%) mulheres com IC na doença valvar (p=NS) morreram. A mortalidade foi maior nos homens com doença aórtica (44,3% vs. 33,8%; p=0,037), mas semelhantes em mulheres e homens para a doença valvar mitral (33,5% vs. 32,2%; p=NS). A incidência cumulativa de óbito foi maior em homens (K-M: log-rank p=0,036) com doença aórtica, mas semelhante para doença mitral (Figura). A regressão de Cox para óbito ajustado para idade, sexo, doença arterial coronária, acidente vascular cerebral prévio (AVC), doença renal crônica (DRC), fibrilação atrial (FA), cirurgia e FEVE mostrou que FEVE (HR=0,97; IC95%:0,95-0,98; p<0,001), idade (HR=1.03;IC95%:1.02-1.04; p<0,001) e FA (HR=0.62; IC95%:0.44-0.85; p=0,003), em ordem decrescente, foram os principais preditores de morte para a IC por doença valvar aórtica e para a doença valvar mitral a intervenção cirúrgica (HR=0.25;IC95%:0.17-0.36; p<0,001), DRC (HR=1.83;IC95%:1.34-2.50; p<0,001), idade (HR=1.03;IC95%:1.02-1.04; p<0,001), FA (HR=0.48;IC95%:0.33-0.69; p<0,001) e FEVE (HR=0.98;IC95%:0.97-0.99;  p<0,001). A intervenção cirúrgica foi maior nas mulheres e homens com doença valvar.

 

Conclusões: O prognóstico a longo prazo da IC na doença valvar aórtica foi melhor nas mulheres e igual para ambos os sexos na doença valvar mitral. A presença de FA foi uma variável independente associada a menor mortalidade devido ao maior número de intervenção cirúrgica nesses pacientes.

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