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Experiência prática do uso de Trastuzumabe em 995 pacientes com câncer de mama: monitorização seriada de ecocardiograma

Juan Ramos, Mariane Higa Shinzato, Rômulo Fonseca de Moraes, Isabelle Oliveira Parahyba, Rizek M H Gomides, Stephanie Itala Rizk, Isabela B. S. da Silva Costa, Fernanda T. de A. Andrade, Roberto Kalil Filho, Ludhmila Abrahão Hajjar
INSTITUTO DO CORAÇÃO DO HCFMUSP - - SP - BRASIL

Câncer (CA) de mama é a neoplasia mais frequente entre as mulheres. O trastuzumabe é um anticorpo monoclonal que melhorou drasticamente o prognóstico de indivíduos com CA de mama. No entanto, a cardiotoxicidade surgiu como uma complicação limitante levando à descontinuação do tratamento. Neste estudo, procuramos investigar a incidência e os preditores de disfunção assintomática do ventrículo esquerdo durante os primeiros 6 meses de terapia com trastuzumabe para CA de mama. Além disso, avaliamos o efeito do ecocardiograma (ECO) seriado no seguimento de pacientes em tratamento com trastuzumabe, conforme recomendado pelas diretrizes atuais.

Realizamos análise retrospectiva de prontuários em pacientes com CA de mama em que o trastuzumabe foi prescrito como parte da terapia, entre abril/2009 e setembro/2018, conforme protocolo institucional. Avaliou-se variáveis clínicas e ecocardiográficas, por meio de analise estatística contínua e categórica.

Foram incluídos 905 pacientes, 99,2% do sexo feminino. A cardiotoxicidade foi identificada em 5% dos pacientes. Apenas 17,9% (grupo cardiotoxicidade) vs 72% (grupo geral) completaram o tratamento com trastuzumabe (p <0,001). O tratamento com antraciclina e radiação foi semelhante nos grupos. O grupo cardiotoxicidade apresentou mais dispneia 85,4% versos 3,6% (p<0,001). Nas análises multivariadas os preditores de cardiotoxicidade foram a fração de ejeção do ventrículo esquerdo (FEVE) inicial (OR 0,92, IC 0,86-0,98, p 0,009) e o diâmetro diastólico inicial (OR 1,23, IC 1,13-1,34, p <0,001). Nesta população, o NNS foi de 54 para detectar 5% de cardiotoxicidade. O NNS foi reduzido para 25 para diagnosticar 10% de cardiotoxicidade, se considerarmos apenas os pacientes de alto risco.

Demonstrou-se que a cardiotoxicidade é importante causa de interrupção do tratamento, mas o monitoramento cardíaco com ECO de rotina não deve ser realizado indiscriminadamente. Os pacientes com alto risco de desenvolver cardiotoxicidade, baseados em diâmetros de FEVE inicial e diastólico final, seriam os beneficiados em acompanhamento trimestral nos primeiros 6 meses de tratamento, para mudança terapêutica. A incidência de cardiotoxicidade foi de 5%, semelhante a literatura. 85% dos pacientes com cardiotoxicidade apresentavam algum sintoma, sendo 40% em CF III ou IV nos primeiros seis meses.

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