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Rara associação de valvulite e aortite por células gigantes

Georgina del Cisne Jadán Luzuriaga, Ricardo Ribeiro Dias, José Augusto Duncan Santiago, Vagner Madrini Junior, Bruno Vaz Kerges Bueno, Walther Yoshiharu Ishikawa, Fabio Fernandes, Vera Demarchi Aiello
INSTITUTO DO CORAÇÃO DO HCFMUSP - - SP - BRASIL

Rara associação de valvulite e aortite por células gigantes

Mulher de 50 anos, hipertensa, sem antecedentes patológicos familiares, refere queixa de dispneia aos pequenos esforços de 6 meses de evolução. O exame físico apresentava ausculta pulmonar normal porem na avaliação da área cardíaca houve sopro aspirativo em foco aórtico (2+/6+), com irradiação para os focos mitral e aórtico acessório. O hemograma, PCR, VHS e função renal foram normais, e as sorologias correspondentes a hepatite B, C, HIV e sífilis foram negativas. O ECG foi inocente e a radiografia de tórax tinha dilatação da aorta torácica. Foi solicitado ecocardiograma transtorácico que evidenciou diâmetro diastólico e sistólico do ventrículo esquerdo de 64x42mm, respectivamente; fração de ejeção 62%, insuficiência aórtica importante e dilatação da aorta ascendente. Pedida avaliação da aorta com angiotomografia que revelou raiz de 50mm com segmento ascendente de 45mm. A coronariografia excluiu obstruções coronarianas. Foi realizado troca valvar, reconstrução da raiz e substituição da aorta ascendente pela técnica de Bentall-Bono com tubo valvulado. Paciente evoluiu sem intercorrências no intra e pos-operatório. A valva e parede aórtica extraídos foram encaminhados para estudo anatomopatológico, os quais apresentaram células gigantes sem granulomas compactos. A valva teve espessamento fibroso acentuado na borda livre das cúspides, além de infiltrado linfo-histiocitário e necrose fibrinoide focal. Entretanto, a parede aórtica tinha destruição das fibras elásticas da camada média e espessamento fibrointimal difuso, além de infiltrados inflamatórios crônicos, que se concentravam na metade externa da parede, próximo à camada adventícia. A pesquisa de bactérias, bacilos ácido-resistentes e fungos foi negativa. Concluindo-se aortite e valvulite por células gigantes.

De forma geral, arterite de células gigantes (ACG) afeta aos médios e grandes vasos com apresentação clínica variável e seu diagnostico exige exame histopatológico. Apenas 2% dos pacientes submetidos à cirurgia por doença aórtica, apresentam ACG. O compromisso das válvulas cardíacas é ainda mais infrequente, pelo que atualmente existe somente um caso publicado pelo grupo de Niclauss et al em 2008. Finalmente, visto que existem outras entidades com células gigantes, conforme o Consenso de Patologia Cirúrgica da Aorta da Society for Cardiovascular Pathology e da Association for European Cardiovascular Pathology, este é um caso isolado de acometimento por ACG não granulomatoso, valvular e aórtico.

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