INTRODUÇÃO: A hipertensão arterial sistêmica (HAS) promove adaptações cardíacas que resultam em importantes prejuízos morfológicos e funcionais. Por sua vez, o exercício físico aeróbio reduz essas adaptações adversas, diminuindo o dano morfológico e aumentando o desempenho cardíaco. No entanto, pouco se sabe sobre a densidade dos receptores b-adrenérgicos cardíacos nessa condição, bem como os efeitos da estimulação desses receptores na contratilidade ventricular esquerda e na reatividade do leito coronariano. O objetivo do nosso estudo foi investigar os efeitos da HAS na densidade e os efeitos da estimulação dos receptores b-adrenérgicos na contratilidade cardíaca e na reatividade do leito coronariano, bem como o papel do treinamento físico aeróbio na regulação dos receptores e seus efeitos. MÉTODOS: Para tanto, ratos espontaneamente hipertensos (N=26, grupo SHR) e ratos Wistar Kyoto normotensos (N=26, grupo WKY) foram utilizados neste estudo. Metade dos ratos de cada grupo foi submetida ao treinamento físico aeróbio por meio da natação durante 12 semanas. Todos os animais foram avaliados por meio dos seguintes protocolos experimentais; registro dos parâmetros hemodinâmicos; análise da reatividade do leito coronariano e da contratilidade do ventrículo esquerdo ao aumento do fluxo e à administração de dopamina e salbutamol por meio da técnica de Langendorff; e quantificação da densidade dos receptores b-adrenérgicos cardíacos por meio da técnica de Western Blot. RESULTADOS: O grupo SHR não treinado apresentou maiores valores da pressão arterial (PA) e da frequência cardíaca (FC) quando comparado aos grupos WKY. Também apresentou redução na densidade dos receptores b1-adrenérgicos cardíacos associada com menores respostas na contratilidade do ventrículo esquerdo, dP/dTmáx e dP/dTmin e reatividade do leito coronariano. Por sua vez, o grupo SHR treinado apresentou PA e FC reduzidas em relação ao grupo SHR não treinado, e maior densidade de receptores b1-adrenérgicos associada com aumentos na contratilidade ventricular esquerda, dP/dTmáx e dP/dTmin e reatividade do leito coronariano. CONCLUSÃO: Nossos achados sugerem o importante papel do treinamento físico aeróbio no aumento da contratilidade ventricular e na regulação do leito coronariano. Esse papel é desempenhado por adaptações cardíacas intrínsecas que parecem envolver a regulação dos receptores β1-adrenérgicos, resultando em ajustes benéficos no desempenho cardíaco.