O estresse oxidativo desempenha um papel importante no desenvolvimento de doenças cardiovasculares, o que vem sendo demonstrado em estudos clínicos e experimentais. No entanto, há poucas evidências do efeito do treinamento físico funcional em circuito, realizado durante o serviço sobre marcadores de estresse oxidativo. Além disso, vários estudos clínicos demonstraram um aumento no número de marcadores de estresse oxidativo em indivíduos sedentários e obesos. O objetivo deste estudo foi comparar parâmetros hemodinâmicos, de estresse oxidativo e composição corporal de policiais militares sedentários, com sobrepeso ou obesidade, submetidos a 12 semanas de treinamento físico. Foram selecionados para o estudo 58 policiais militares do sexo masculino, sedentários ou insuficientemente ativos. Foram realizadas medidas antropométricas e de perfil hemodinâmico. Os policiais militares passaram por 12 semanas de treinamento físico, com duração de 45 minutos, realizado em circuito, de intensidade variando de moderada a intensa. Marcadores de estresse oxidativo foram medidos antes do início do programa de treinamento e após o término do período de 12 semanas. Os resultados demonstraram que o treinamento pode gerar aumento de massa magra (62,7 vs 63,6 Kg [IC95%, 0,4 a 1,5]) e diminuição da gordura corporal (27,6 vs 26,0% [IC95%, -2,1 a - 1,0]). Uma redução significativa na PAD (86,2 vs 83,7 mmHg [IC95%, -4,6 a -0,3]) foi observada, mas nenhuma mudança significativa na PAS (133,1 vs 130,8 mmHg [IC95%, -5,9 a 1,3]). O treinamento aplicado não demonstrou mudanças significativas nos níveis de H2O2 (0,19 ± 0,11 vs 0,21 ± 0,16 microMolar). No entanto, o treinamento foi capaz de reduzir significativamente a atividade da enzima pró-oxidante NADPH-oxidase (0,04 ± 0,03 vs 0,02 ± 0,04 microMolar/min/mg). O treinamento não foi capaz de alterar os valores de nitrito (2,15 ± 1,8 vs 1,88 ± 1,4 Nit/mg de proteína). Com relação à capacidade antioxidante, observou-se um aumento significativo na capacidade antioxidante não enzimática (10,1 mM Fe(ii) [IC95%, 3,5 a 16,8]). Entretanto, não houve alteração na atividade da enzima catalase (0,01 nmol/mg [IC95%, -0,67 a 0,67]). Houve também uma redução na lipoperoxidação (-2,4 pmol/mg [IC95%, -3,7 a -1,1]), mas sem nenhuma alteração nos níveis de proteínas carboniladas (0,15 nmol/mg [IC95%, -0,22 a 0,51]). Os resultados demonstram que um programa de treinamento físico, realizado apenas duas vezes por semana, pode modular positivamente a capacidade antioxidante e reduzir a taxa de lipoperoxidação sistêmica, alterando a composição corporal.