Introdução:A estimulação colinérgica por meio da inibição farmacológica da acetilcolinesterase em ratos espontaneamente hipertensos (SHR)resulta em efeitos benéficos no controle autonômico cardíaco que se assemelham aos obtidos através do treinamento físico aeróbio (TFA).Entretanto, até o momento, nenhum estudo abordou as consequências da estimulação colinérgica crônica sobre a contratilidade ventricular e a reatividade do leito coronariano, assim como nenhum estudo investigou se a associação com o treinamento físico teria um efeito potencializador. Portanto, nós investigamos os efeitos dobrometo de piridostigmina (B-Pir), um inibidor da acetilcolinesterase, sobre a reatividade do leito coronariano e contratilidade ventricular esquerda de SHR, bem como o efeito da associação com o TFA. METODOLOGIA: SHR machos (18 semanas de vida, N=48) foram divididos em dois grupos (N=24); tratados com veículo (água) e tratados com B-Pir (15mg-1.kg-1.d-1). Metade de cada grupo (N=12) foi submetida ao TFA durante 14 semanas (18ª a 32ª semanas) enquanto o tratamento com B-Pir ocorreu entre a 30ª e 32ª semanas de vida. Ao final da 32ª semana de vida todos os animais foram submetidos ao registro dos parâmetros hemodinâmicos; duplo bloqueio autonômico com metilatropina e propranolol; e avaliação da reatividade do leito coronariano e da contratilidade ventricular em coração isolado por meio da técnica de Langendorff. RESULTADOS: O tratamento com B-Pir e o TF reduziram a pressão arterial e a frequência cardíaca (FC). No entanto, a FC apresentou maiores reduções nos grupos tratados com o B-Pir. O TFA e o tratamento com B-Pir aumentaram a influência vagal e/ou reduziram a influência simpática na determinação da FC basal. Quando comparados o B-Pir apresentou os maiores efeitos. O estudo em coração isolado por meio da técnica de Langendorff mostrou que o B-Pir e o TFA tiveram pouco efeito sobre a reatividade do leito coronariano e a contratilidade do ventrículo esquerdo ao aumento do fluxo quando aplicados de forma isolada. Por sua vez, a associação dos dois tratamentos resultou em aumento expressivo em ambos os parâmetros. No entanto, esses resultados não foram observados após a administração de dobutamina e salbutamol, agonistas b-adrenérgicos cardíacos. Nesse caso, somente o grupo submetido ao TFA apresentou aumento em relação aos demais grupos. CONCLUSÃO: Embora o tratamento com B-Pir melhore o controle autonômico cardíaco associado à redução na PA e FC em SHR, a associação com o TFA é fundamental para promover o aumento na contratilidade ventricular esquerda.