Introdução: Entre estudantes de medicina tem sido observada uma alta prevalência de depressão. Estudos tem associado este transtorno mental ao desenvolvimento de doença cardiovascular (DCV), mesmo em pessoas saudáveis. Uma hipótese plausível é o efeito negativo da depressão na função endotelial. Contudo, até o momento não há estudos em que tenha sido investigado a relação entre disfunção endotelial e episódio depressivo maior (EDM) em estudantes de medicina. Objetivo: 1) Investigar a relação entre episódio depressivo maior e função endotelial em estudantes de medicina. Materiais e Métodos:Estudotransversal, com inclusão de estudantes de medicina de um Hospital Universitário. Foram incluídos ambos os sexos, acima de 18 anos, com ecocardiograma e Doppler de carótidas normais antes da avaliação endotelial. Excluídos aqueles com história de qualquer doença clínica atual ou prévia ou uso de medicação que possa interferir na avaliação do endotélio. Para avaliação da função endotelial foi utilizada a ultrassonografia da artéria braquial, em que foi avaliado o percentual de dilatação fluxo-mediada (DFM), após oclusão do braço por 5 minutos. Disfunção endotelial se DFM < 10%. Episódio depressivo maior foi analisado através do Patient Health Questionnaire-9 (PHQ-9). O critério utilizado para EDM positivo foi a presença de cinco ou mais sintomas, desde que pelo menos um seja humor deprimido ou anedonia, e que cada sintoma corresponda à “uma semana ou mais" e "quase todos os dias", com exceção do sintoma 9, para o qual é aceitável “menos de uma semana". Com o SPSS 23®️, foi aplicado teste t e qui-quadrado. Os dados foram apresentados com seus respectivos intervalos de confiança de 95% (IC95%) e calculadas a odds ratio (OR), considerando nível de significância de 5%. Resultados: Foram incluídos 104 participantes, com 50% da amostra de cada sexo. A idade variou de 19 a 34 anos (23,2±2,8 anos). O valor médio da DFM foi de 12,15%. A prevalência de disfunção endotelial foi de 33,7% (n=35), sem relação com sexo ou idade. A prevalência de rastreio positivo para EDM foi de 15,38% (n=16). A presença de EDM aumentou significativamente a chance de se encontrar disfunção endotelial (OR=5,120; IC95%=1,591-16,477; p=0,005). Dos participantes que possuíam DFM < 10%, 31,4% (n=11) apresentaram EDM positivo. Conclusão: Neste estudo, depressão foi associada à presença de disfunção endotelial. Estudos futuros com intervenções em estudantes de medicina com EDM poderão melhorar a função endotelial nesta população e, possivelmente, promover proteção cardiovascular.