Introdução: A cardiomiopatia de Takotsubo (CT), também conhecida como síndrome do coração partido, é uma entidade clínica caracterizada por uma anormalidade transitória e reversível do ventrículo esquerdo. Sua fisiopatologia ainda é controversa, entretanto, é sabido que ocorre uma hiperestimulação simpática, sendo tipicamente precipitada por estressores emocionais ou físicos, podendo mimetizar a síndrome coronariana aguda (SCA). Dentre os fatores de risco descritos na literatura, destacam-se a deficiência estrogênica e alterações genéticas. O termo “Takotsubo”, inicialmente descrito em 1990, deriva de um recipiente usado pelos japoneses para capturar polvos, e tem como formato um fundo circular e pescoço estreito, que se assemelha à morfologia do coração nos exames de imagem na CT. A doença é predominante no sexo feminino e idade maior que 60 anos, especialmente correlacionada com a pós menopausa. Descrição do caso: Paciente M.A.F., 44 anos, hígida, sem comorbidades prévias, com história de parto cesáreo em maio de 2022. Deu entrada em serviço médico hospitalar, na cidade de João Pessoa-PB, para realização de colecistectomia eletiva. Realizou consulta cardiológica para determinação de risco cirúrgico, apresentando eletrocardiograma (ECG) e ecocardiograma transtorácico (ECO-TT) sem alterações. Durante o procedimento de indução anestésica, apresentou dor torácica importante e dispneia, evoluindo com episódio de taquicardia ventricular. Nas horas subsequentes, apresentou supradesnivelamento do segmento ST e elevação dos marcadores de necrose miocárdica, sendo levantada a hipótese de SCA. Prontamente foi submetida à cineangiocoronariografia, evidenciando circulação coronariana livre de lesões obstrutivas e ventriculografia esquerda sugestiva de cardiomiopatia de Takotsubo. A paciente evoluiu para choque cardiogênico e necessidade de cuidados intensivos, com posterior reversão do quadro. Conclusões: A Cardiomiopatia de Takotsubo é uma condição patológica com baixa incidência em nosso meio e, por ser predominante em mulheres na pós-menopausa, relatos de caso em mulheres jovens ainda são infrequentes nas bases de dados científicas. Neste contexto, enfatiza-se a necessidade de divulgação dos casos de cardiomiopatia de Takotsubo em pacientes jovens, visto a raridade de seu acometimento nesta faixa etária e a semelhança com a SCA, podendo gerar desfechos completamente distintos e catastróficos quando não identificada e tratada corretamente.