Introdução: Os benefícios do uso dos inibidores de SGLT2 (iSGLT2) no tratamento farmacológico da Insuficiência Cardíaca (IC), independente dos pacientes serem portadores de diabetes melitos, tem sido evidenciado em estudos recentes. A utilização dessa terapia otimizada vem resultando na redução de episódios de descompensação da doença e necessidade de internação hospitalar, bem como de mortes por causas cardiovasculares. Diretrizes brasileiras e demais guidelines internacionais incorporaram essa classe de medicamentos em suas atualizações, no entanto, sabe-se que após a inclusão das novas recomendações, é necessário um tempo para que sejam observadas mudanças na prática. Dessa forma, este trabalho teve como objetivo analisar a presença de iSGLT2 nas prescrições de pacientes internados e acompanhados pelo Protocolo de IC de um hospital filantrópico da cidade de São Paulo referência no atendimento desses pacientes.
Métodos: Trata-se de estudo retrospectivo e descritivo dos pacientes acompanhados pelo Protocolo de IC no período de 2020 a 2022 que tiveram prescrição de inibidores de SGLT2 durante a internação hospitalar. Os dados epidemiológicos e as informações referentes aos medicamentos, posologias e data da primeira prescrição foram coletados e tabulados em planilhas do Excel®.
Resultados: Dos pacientes acompanhados pelo protocolo IC, 98 receberam inibidores de SGLT2 em algum momento durante a internação hospitalar no período de 2020 a 2022, sendo inclusos neste estudo. A média da idade dos pacientes incluídos foi de 74,4 e 69 (70%) eram homens. No ano de 2020 foram observados 20 pacientes com prescrição de iSGLT2, em 2021 foram 33 pacientes e em 2022 foram 45 pacientes. Em relação ao medicamento utilizado, 54 (55,1 %) pacientes receberam dapagliflozina 10 mg, 12 (12,2 %) utilizaram empagliflozina 10 mg e 32 (32,6 %) receberam empagliflozina 25 mg.
Conclusões: Mesmo após a comprovação dos benefícios por meio de ensaios clínicos e a introdução dessa nova classe terapêutica às diretrizes brasileiras, guidelines internacionais e recomendações científicas, a utilização dos iSGLT2 no tratamento da IC ainda não se mostrou expressivo na prática clínica da instituição em que ocorreu o estudo.